SEUL – A Coreia do Norte lançou nesta quinta-feira seu primeiro míssil balístico intercontinental desde 2017, aumentando dramaticamente as tensões com o governo Biden em um momento em que o mundo é dominado pela devastação da guerra na Ucrânia.
O míssil voou por 71 minutos e caiu em águas japonesas, de acordo com Makoto Oniki, vice-ministro da Defesa do Japão, que descreveu o míssil como um novo tipo de ICBM.
O lançamento foi o teste de armas mais ousado da Coreia do Norte em anos e marcou o fim da moratória autoimposta sobre testes nucleares e ICBM que o líder do país, Kim Jong-un, anunciou antes de embarcar na diplomacia com o presidente Donald J. Trump em 2018.
A Coreia do Norte realizou seu último teste de ICBM em novembro de 2017, após o qual afirmou que seu ICBM com ponta nuclear poderia atingir qualquer parte do território continental dos Estados Unidos. No início daquele ano, testou o que chamou de bomba termonuclear em seu sexto teste nuclear subterrâneo. Desde que sua diplomacia com Trump terminou em 2019 sem nenhum acordo sobre o fim das sanções ou a eliminação do arsenal nuclear da Coreia do Norte, Kim prometeu construir mísseis nucleares mais diversos e poderosos.
Antes do lançamento na quinta-feira, os Estados Unidos e a Coreia do Sul haviam alertado que a Coreia do Norte poderia testar seu novo ICBM Hwasong-17 sob o pretexto de um lançamento de satélite. O Hwasong-17, o maior ICBM conhecido da Coreia do Norte, foi apresentado pela primeira vez durante um desfile militar em outubro de 2020, mas até quinta-feira nunca havia sido testado.
A Coreia do Norte é o primeiro adversário dos Estados Unidos desde a Guerra Fria a testar um ICBM e uma suposta bomba de hidrogênio. de acordo com Vipin Narang, especialista em proliferação nuclear do MIT. Esperava-se que o lançamento na quinta-feira convidasse à rápida condenação de Washington e seus aliados. Mas, dadas as tensões com os Estados Unidos, não ficou claro se Rússia e China concordariam em impor mais penalidades do Conselho de Segurança da ONU à Coreia do Norte.
Após o teste nuclear da Coreia do Norte e três testes de ICBM em 2017, Estados Unidos, China e Rússia, todos com poder de veto no Conselho de Segurança, deixaram de lado suas diferenças para impor sanções devastadoras, concordando em proibir todos os países membros da ONU de importar qualquer das principais exportações da Coreia do Norte, como carvão, minério de ferro, pesca e têxteis. A Coreia do Norte também foi proibida de importar mais de quatro milhões de barris de petróleo bruto para fins civis por ano.
Sua importação anual de petróleo refinado foi limitada a meio milhão de barris, disse o conselho em uma resolução adotada em dezembro de 2017. Nessa mesma resolução, o Conselho de Segurança decidiu que, se a Coreia do Norte realizasse mais testes nucleares ou ICBM, “tomaria medidas para restringir ainda mais” a exportação de petróleo para o país já fortemente sancionado.
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