Em uma das sequências mais fantasiosas do melodrama “Lorelei”, o protagonista do filme, Wayland (Pablo Schreiber), sonha com sua amante, Dolores (Jena Malone), na praia. Ela acena como uma sereia, linda até ele chegar perto. Então Dolores grita, se tornando um monstro. A imagem apresenta uma metáfora desajeitada e é indicativa da falta de imaginação que impede o drama literal.
Quando o filme começa, Wayland acaba de ser libertado de uma sentença de prisão de 15 anos. Ele volta para casa na zona rural de Oregon, um mundo de bares sujos e gangues de motociclistas. É também onde Wayland conheceu seu primeiro amor, Dolores, que agora é uma mãe solteira de três filhos, sobrevivendo sem dinheiro e apoio social suficientes.
A dupla reacende seu romance, mas Dolores é errática, propensa a mudanças de humor, rápida para acusar Wayland e seus filhos de traições. Wayland é levado a se tornar a força estabilizadora de uma família inteira, uma responsabilidade da qual se ressente.
Como cineasta estreante, a diretora Sabrina Doyle demonstra uma capacidade de criar um ambiente para seus personagens rurais e da classe trabalhadora que parece específico e vivido. Os sofás nunca estão limpos da desordem, as casas com painéis de madeira foram manchadas por muitas chuvas fortes. Schreiber é corpulento e terno, e Malone astutamente interpreta sua personagem como uma adolescente sobrecarregada, perdida nas expectativas da idade adulta.
Mas Doyle mostra menos habilidade com a criação de imagens memoráveis ou impulso narrativo. Seu filme atravessa a desilusão de Wayland, com conflitos que parecem repetitivos e sonhos atolados na autoconsciência. O filme se empenha em retratar com precisão os detalhes da vida de seu personagem, mas sua coleção de impressões estudadas não se aglutina em um retrato final coerente.
Lorelei
Não avaliado. Tempo de execução: 1 hora e 51 minutos. Nos cinemas e disponíveis para aluguel ou compra na Apple TV, Google Play e outras plataformas de streaming e operadoras de TV paga.
Discussão sobre isso post