Por Marcela Aires
BRASÍLIA (Reuters) – O Banco Central do Brasil optou nesta quarta-feira por manter as taxas de juros inalteradas, interrompendo um ciclo agressivo de aperto monetário, mesmo com as autoridades norte-americanas e europeias ainda correndo para acompanhar a inflação.
O comitê de fixação de taxas do banco, conhecido como Copom, decidiu por uma votação de 7 a 2 deixar sua taxa básica de juros Selic em 13,75% após 12 aumentos consecutivos, conforme esperado por 24 dos 32 economistas consultados pela Reuters.
Com isso, os formuladores de políticas provavelmente encerraram o que havia sido o ciclo de alta de taxas mais agressivo do mundo, elevando a taxa Selic de uma baixa recorde de 2% em março de 2021 e colocando o Brasil à frente de muitos bancos centrais que só começaram a aumentar as taxas recentemente.
O Federal Reserve entregou seu terceiro grande aumento consecutivo de juros na quarta-feira e sinalizou outro a caminho este ano.
O banco central do Brasil decidiu parar de subir as taxas depois que os preços ao consumidor registraram sua segunda queda mensal consecutiva em agosto, ajudados por cortes de impostos sobre combustíveis e energia.
Ainda assim, a decisão dividida do Copom, com dois membros do comitê votando por um aumento “residual” da taxa de juros de 25 pontos-base, ressaltou as preocupações persistentes com a inflação, que atingiu uma alta de quase 20 anos no Brasil apenas alguns meses atrás.
“O Comitê reforça que os passos futuros da política monetária podem ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de aperto se o processo desinflacionário não prosseguir conforme o esperado”, escreveram os formuladores de políticas em seu comunicado de decisão.
José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, disse que mesmo com a maioria do comitê votando pela manutenção das taxas, sua declaração deixando a porta aberta para a retomada dos aumentos das taxas enviou uma mensagem clara sobre permanecer vigilante às pressões de preços.
“A mensagem agressiva substitui até certo ponto o aumento de 25 pontos-base que esperávamos”, disse ele.
Em nota aos clientes, ele previu que a curva de juros deve se ajustar na quinta-feira para refletir as taxas de juros que começam a cair apenas no quarto trimestre de 2023.
Outros apostaram no afrouxamento da política do banco central mais cedo, incluindo o ministro da Economia, Paulo Guedes, que previu cortes de juros no início de 2023.
No entanto, os diretores do banco central adotaram um tom mais severo em comentários públicos recentes, enfatizando que é muito cedo para começar a discutir taxas mais baixas, já que a batalha contra a inflação ainda não terminou.
A previsão de inflação do Copom para 2023 permaneceu inalterada em relação ao mês passado, em 4,6% no comunicado desta quarta-feira, e sua perspectiva para 2024 subiu para 2,8%, de 2,7% anteriormente, contra uma meta oficial de 3%.
A inflação de doze meses no Brasil atingiu dois dígitos de setembro de 2021 a julho, sofrendo com uma recuperação pós-pandemia na demanda de serviços e aumento dos preços de alimentos e combustíveis após a guerra na Ucrânia.
A previsão do banco central para a inflação neste ano caiu para 5,8%, ante 6,8% no mês passado, ainda muito acima da meta de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual de cada lado.
(Reportagem de Marcela Ayres Edição de Brad Haynes)
Por Marcela Aires
BRASÍLIA (Reuters) – O Banco Central do Brasil optou nesta quarta-feira por manter as taxas de juros inalteradas, interrompendo um ciclo agressivo de aperto monetário, mesmo com as autoridades norte-americanas e europeias ainda correndo para acompanhar a inflação.
O comitê de fixação de taxas do banco, conhecido como Copom, decidiu por uma votação de 7 a 2 deixar sua taxa básica de juros Selic em 13,75% após 12 aumentos consecutivos, conforme esperado por 24 dos 32 economistas consultados pela Reuters.
Com isso, os formuladores de políticas provavelmente encerraram o que havia sido o ciclo de alta de taxas mais agressivo do mundo, elevando a taxa Selic de uma baixa recorde de 2% em março de 2021 e colocando o Brasil à frente de muitos bancos centrais que só começaram a aumentar as taxas recentemente.
O Federal Reserve entregou seu terceiro grande aumento consecutivo de juros na quarta-feira e sinalizou outro a caminho este ano.
O banco central do Brasil decidiu parar de subir as taxas depois que os preços ao consumidor registraram sua segunda queda mensal consecutiva em agosto, ajudados por cortes de impostos sobre combustíveis e energia.
Ainda assim, a decisão dividida do Copom, com dois membros do comitê votando por um aumento “residual” da taxa de juros de 25 pontos-base, ressaltou as preocupações persistentes com a inflação, que atingiu uma alta de quase 20 anos no Brasil apenas alguns meses atrás.
“O Comitê reforça que os passos futuros da política monetária podem ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de aperto se o processo desinflacionário não prosseguir conforme o esperado”, escreveram os formuladores de políticas em seu comunicado de decisão.
José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, disse que mesmo com a maioria do comitê votando pela manutenção das taxas, sua declaração deixando a porta aberta para a retomada dos aumentos das taxas enviou uma mensagem clara sobre permanecer vigilante às pressões de preços.
“A mensagem agressiva substitui até certo ponto o aumento de 25 pontos-base que esperávamos”, disse ele.
Em nota aos clientes, ele previu que a curva de juros deve se ajustar na quinta-feira para refletir as taxas de juros que começam a cair apenas no quarto trimestre de 2023.
Outros apostaram no afrouxamento da política do banco central mais cedo, incluindo o ministro da Economia, Paulo Guedes, que previu cortes de juros no início de 2023.
No entanto, os diretores do banco central adotaram um tom mais severo em comentários públicos recentes, enfatizando que é muito cedo para começar a discutir taxas mais baixas, já que a batalha contra a inflação ainda não terminou.
A previsão de inflação do Copom para 2023 permaneceu inalterada em relação ao mês passado, em 4,6% no comunicado desta quarta-feira, e sua perspectiva para 2024 subiu para 2,8%, de 2,7% anteriormente, contra uma meta oficial de 3%.
A inflação de doze meses no Brasil atingiu dois dígitos de setembro de 2021 a julho, sofrendo com uma recuperação pós-pandemia na demanda de serviços e aumento dos preços de alimentos e combustíveis após a guerra na Ucrânia.
A previsão do banco central para a inflação neste ano caiu para 5,8%, ante 6,8% no mês passado, ainda muito acima da meta de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual de cada lado.
(Reportagem de Marcela Ayres Edição de Brad Haynes)
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