O Congresso do Peru rejeitou na quarta-feira outra tentativa de antecipar as eleições de abril de 2024 para este ano, uma medida buscada pela presidente Dina Boluarte para acalmar a agitação que deixou dezenas de mortos em sete semanas de protestos antigovernamentais.
Após cinco horas de debate, os legisladores rejeitaram um projeto de lei que anteciparia as eleições para dezembro por 68 votos a 54, com duas abstenções.
O Peru está envolvido em uma crise política com manifestações quase diárias desde 7 de dezembro, quando o então presidente Pedro Castillo foi preso após tentar dissolver o Congresso e governar por decreto.
Em sete semanas de manifestações, 48 pessoas – incluindo um policial – foram mortas em confrontos entre forças de segurança e manifestantes, segundo a ouvidoria de direitos humanos.
Bloqueios de estradas erguidos por manifestantes causaram escassez de alimentos, combustível e outros produtos básicos em várias regiões do país andino.
Os manifestantes exigem a dissolução do Congresso, uma nova constituição e a renúncia de Boluarte, que assumiu o cargo de vice-presidente com a saída de Castillo.
Em dezembro, os legisladores mudaram as eleições originalmente marcadas para 2026 para abril de 2024 – mas, como os manifestantes insistiram, Boluarte pediu a realização da votação este ano.
Dois projetos de lei anteriores para avançar a eleição vacilaram no Congresso.
Boluarte disse que se fracassar pela terceira vez, como aconteceu na quarta-feira, proporá uma reforma constitucional que permita um primeiro turno de votação em outubro e um segundo turno em dezembro.
Segundo uma pesquisa do Instituto de Estudos Peruanos, 73% dos cidadãos querem eleições este ano.
‘bomba-relógio’
Após a votação de quarta-feira, que se seguiu a um debate adiado várias vezes desde segunda-feira, o presidente do Congresso, José Williams, anunciou que o projeto de lei não obteve os 87 votos necessários para aprovação.
Ironicamente, parlamentares da esquerda do espectro político compartilhado por Castillo e Boluarte, que são do mesmo partido, aplaudiram a rejeição do projeto de lei apoiado pela direita, que espera vencer um novo turno eleitoral.
“Há uma separação total entre a classe política e os cidadãos”, disse à AFP o analista político Alonso Cárdenas, da Universidade Antonio Ruiz de Montoya, sobre o resultado da votação parlamentar.
O Peru está sentado em uma “bomba-relógio”, acrescentou, enquanto os protestos continuavam na quarta-feira em várias partes do país, incluindo a capital Lima.
As autoridades de transporte relataram 81 piquetes bloqueando estradas em seis das 25 regiões do Peru.
No sul do Peru, epicentro dos protestos, houve bloqueios de estradas com pneus e toras em chamas.
A agitação está sendo impulsionada principalmente por indígenas peruanos pobres do sul, que viram em Castillo, que também é dessa região e tem raízes indígenas, um aliado na luta contra a pobreza, o racismo e a desigualdade.
A mina de cobre Las Bambas, no Peru – responsável por cerca de 2% da oferta global do metal – anunciou na quarta-feira que teve que interromper a produção devido aos persistentes bloqueios nas estradas.
A proprietária chinesa MMG disse em comunicado esta semana que “após interrupções no transporte que afetaram o tráfego de entrada e saída, (a empresa) foi forçada a iniciar uma desaceleração progressiva de sua operação em Las Bambas devido à escassez de suprimentos críticos”.
Além daqueles que morreram em confrontos, 10 civis – incluindo dois bebês – morreram por não conseguirem tratamento médico ou remédios devido a bloqueios de estradas, de acordo com a ouvidoria.
O movimento de protesto também afetou a vital indústria do turismo do Peru, forçando o fechamento repetido das ruínas da cidadela inca de Machu Picchu, mundialmente famosa.
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(Esta história não foi editada pela equipe do News18 e foi publicada a partir de um feed de agência de notícias sindicalizado)
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