O Brasil passa pela pior crise hídrica dos últimos 90 anos, segundo o Ministério de Minas e Energia. Na última terça-feira (29/06), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgou o aumento da bandeira tarifária vermelha patamar 2, sobretaxa atualmente aplicada às contas de luz. O aumento entra em vigor a partir desta quinta-feira (1º/7) e passará de R$ 6,24 para R$ 9,492 a cada 100 kwh consumidos. Com isso, analistas calculam que as faturas sofrerão aumentos de 5% até 9%, já neste mês. As altas, porém, não devem parar por aqui. A Aneel, por exemplo, já estuda um novo reajuste na bandeira, a ser aplicado em agosto.
Segundo a economista chefe Latin America da Coface, Patrícia Krause, o aumento da conta de energia foi necessário devido à crise hídrica que o país enfrenta. Porém, ela propõe alternativas para solucionar a questão. “Não tinha como fugir, isso tinha que ocorrer. Agora, nós já deveríamos ter medidas para estimular a economia de energia, uma medida de racionamento. Isso traria uma tranquilidade maior para esse cenário a longo prazo”, disse.
Além disso, está em pauta no Congresso uma medida provisória que, entre outras medidas, permite a contratação de energia elétrica para uso emergencial, sem a necessidade de leilão, para prevenir uma possível falta de energia no país. A MP não menciona a possibilidade de racionamento, que também vem sendo negado pelo Governo.
Para Joni Corrêa de Barros, economista da Zahl Investimentos, a conta de energia pode continuar aumentando após a MP, pois quando há contratação sem leilão a conta é repassada para os cidadãos. Segundo o especialista, essa é uma medida paliativa que não resolve o problema.
O aumento das tarifas de energia terá impacto na inflação. Segundo o economista da Integral Group Daniel Miraglia, esse impacto pode chegar a 0,20 pontos percentuais no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano.
“Dada às poucas perspectivas de chuva, teremos mais aumentos mais para frente, entre o fim de julho e o fim de agosto”, disse Miraglia. Ele não acredita, no entanto, que isso vá provocar alta das taxas de juros além do previsto, como tem sido dito por muitos economistas. “O aumento da inflação devido à energia elétrica não significa, necessariamente, uma aceleração do processo de alta dos juros conduzido pelo Banco Central, porque isso (a alta do custo da energia) é um choque de oferta. Você não combate um choque de oferta com juros, não é porque você vai subir os juros que vai começar a chover. Mas, lógico que o BC ficará mais cauteloso, porque existem os repasses para os outros setores”, ponderou.
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