FOTO DO ARQUIVO: Uma vista aérea mostra gado em um terreno desmatado na Amazônia perto de Porto Velho, Estado de Rondônia, Brasil 14 de agosto de 2020. REUTERS / Ueslei Marcelino
16 de dezembro de 2021
Por Jake Spring e Anthony Deutsch
SÃO PAULO / AMSTERDÃO (Reuters) – Seis redes de supermercados europeias, incluindo duas da holandesa Ahold Delhaize e uma subsidiária do Carrefour, disseram na quarta-feira que parariam de vender alguns ou todos os produtos de carne bovina do Brasil devido a ligações com a destruição da floresta amazônica.
As promessas iam desde a rede de supermercados Lidl Netherlands, que se comprometeu a interromper a venda de toda a carne bovina originária da América do Sul a partir de 2022, até decisões mais específicas para interromper as vendas de certos produtos de corned beef ou charque.
Muitos dos produtos afetados estão vinculados ao maior frigorífico do mundo, a JBS SA.
Os boicotes são em resposta a uma investigação da publicação brasileira Reporter Brasil, que alegou que a JBS adquiria indiretamente vacas de áreas desmatadas ilegalmente, em um esquema conhecido como “lavagem de gado”.
Isso ocorre quando o gado criado em um terreno desmatado ilegalmente é vendido para uma fazenda legítima antes da venda para um matadouro, para ocultar sua origem.
A JBS disse à Reuters que tem tolerância zero para o desmatamento ilegal e bloqueou mais de 14.000 fornecedores por não cumprirem suas políticas. A empresa afirmou que monitorar os fornecedores indiretos – aqueles que ficam antes do vendedor final ao frigorífico – é um desafio para todo o setor, mas que a JBS vai instituir um sistema capaz de fazer isso até 2025.
O frigorífico brasileiro disse que a pesquisa do Reporter Brasil mencionou apenas cinco dos 77 mil fornecedores diretos da JBS e que esses fornecedores atenderam às políticas da empresa no momento da compra.
O desmatamento na Amazônia brasileira, a maior floresta tropical do mundo, aumentou desde que o presidente de direita Jair Bolsonaro assumiu o cargo em 2019 e reduziu as proteções ambientais. Ele disse que almeja mais agricultura e mineração para tirar a região da pobreza.
O desmatamento atingiu o maior pico em 15 anos em 2021, com uma área maior do que o estado de Connecticut, nos Estados Unidos, sendo desmatada.
A maior parte das terras desnudas é usada para pecuária.
Entre outros compromissos, a subsidiária da Ahold Delhaize, Albert Heijn, a maior rede de supermercados da Holanda, deixará de fornecer carne bovina inteiramente do Brasil.
Um porta-voz da Albert Heijn disse à Reuters que a empresa atualmente vende apenas um punhado de corned beef e beef jerky de origem brasileira a cada semana.
A Auchan France também retirará de suas gôndolas os charcutaria vinculados à JBS. Os supermercados Carrefour Belgium e Delhaize vão parar de vender o charque da marca Jack Link.
A JBS e a Jack Link’s têm uma joint venture que produz charque. Jack Link’s não respondeu a um pedido de comentário.
A Sainsbury’s UK da J Sainsbury Plc’s vai parar de fornecer sua marca própria de corned beef do Brasil, mas disse que 90% de sua carne já vem da Grã-Bretanha e Irlanda.
(Reportagem de Jake Spring em São Paulo e Anthony Deustch em Amsterdã; Edição de Matthew Lewis)
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FOTO DO ARQUIVO: Uma vista aérea mostra gado em um terreno desmatado na Amazônia perto de Porto Velho, Estado de Rondônia, Brasil 14 de agosto de 2020. REUTERS / Ueslei Marcelino
16 de dezembro de 2021
Por Jake Spring e Anthony Deutsch
SÃO PAULO / AMSTERDÃO (Reuters) – Seis redes de supermercados europeias, incluindo duas da holandesa Ahold Delhaize e uma subsidiária do Carrefour, disseram na quarta-feira que parariam de vender alguns ou todos os produtos de carne bovina do Brasil devido a ligações com a destruição da floresta amazônica.
As promessas iam desde a rede de supermercados Lidl Netherlands, que se comprometeu a interromper a venda de toda a carne bovina originária da América do Sul a partir de 2022, até decisões mais específicas para interromper as vendas de certos produtos de corned beef ou charque.
Muitos dos produtos afetados estão vinculados ao maior frigorífico do mundo, a JBS SA.
Os boicotes são em resposta a uma investigação da publicação brasileira Reporter Brasil, que alegou que a JBS adquiria indiretamente vacas de áreas desmatadas ilegalmente, em um esquema conhecido como “lavagem de gado”.
Isso ocorre quando o gado criado em um terreno desmatado ilegalmente é vendido para uma fazenda legítima antes da venda para um matadouro, para ocultar sua origem.
A JBS disse à Reuters que tem tolerância zero para o desmatamento ilegal e bloqueou mais de 14.000 fornecedores por não cumprirem suas políticas. A empresa afirmou que monitorar os fornecedores indiretos – aqueles que ficam antes do vendedor final ao frigorífico – é um desafio para todo o setor, mas que a JBS vai instituir um sistema capaz de fazer isso até 2025.
O frigorífico brasileiro disse que a pesquisa do Reporter Brasil mencionou apenas cinco dos 77 mil fornecedores diretos da JBS e que esses fornecedores atenderam às políticas da empresa no momento da compra.
O desmatamento na Amazônia brasileira, a maior floresta tropical do mundo, aumentou desde que o presidente de direita Jair Bolsonaro assumiu o cargo em 2019 e reduziu as proteções ambientais. Ele disse que almeja mais agricultura e mineração para tirar a região da pobreza.
O desmatamento atingiu o maior pico em 15 anos em 2021, com uma área maior do que o estado de Connecticut, nos Estados Unidos, sendo desmatada.
A maior parte das terras desnudas é usada para pecuária.
Entre outros compromissos, a subsidiária da Ahold Delhaize, Albert Heijn, a maior rede de supermercados da Holanda, deixará de fornecer carne bovina inteiramente do Brasil.
Um porta-voz da Albert Heijn disse à Reuters que a empresa atualmente vende apenas um punhado de corned beef e beef jerky de origem brasileira a cada semana.
A Auchan France também retirará de suas gôndolas os charcutaria vinculados à JBS. Os supermercados Carrefour Belgium e Delhaize vão parar de vender o charque da marca Jack Link.
A JBS e a Jack Link’s têm uma joint venture que produz charque. Jack Link’s não respondeu a um pedido de comentário.
A Sainsbury’s UK da J Sainsbury Plc’s vai parar de fornecer sua marca própria de corned beef do Brasil, mas disse que 90% de sua carne já vem da Grã-Bretanha e Irlanda.
(Reportagem de Jake Spring em São Paulo e Anthony Deustch em Amsterdã; Edição de Matthew Lewis)
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