MOSCOU – Uma aliança militar liderada pela Rússia começou a implantar pára-quedistas no Cazaquistão na quinta-feira como parte de uma operação de manutenção da paz depois que uma noite de protestos no país da Ásia Central se tornou violento, com a polícia relatando que dezenas de manifestantes antigovernamentais foram mortos e centenas ferido.
O esforço de manutenção da paz, organizado por um grupo que é a versão russa da OTAN, será limitado no tempo e terá como objetivo proteger edifícios governamentais e objetos militares, disse o órgão em uma afirmação. Não especificou quantos soldados seriam mobilizados. Algumas tropas já começaram a operar no Cazaquistão, disse o comunicado.
Saltanat Azirbek, porta-voz da polícia em Almaty, a maior cidade do Cazaquistão, disse que dezenas de pessoas foram mortas pelas autoridades quando tentaram invadir prédios do governo, quartéis-generais e delegacias de polícia distritais, as primeiras mortes generalizadas desde o início dos protestos. O anúncio foi feito após relatos anteriores na mídia local de que a polícia havia aberto fogo contra manifestantes na cidade petrolífera de Atyrau, matando pelo menos uma pessoa.
A polícia alertou as pessoas que moram perto dos principais prédios do governo para ficarem em casa.
O anúncio da implantação militar veio depois de uma noite de violentos protestos que varreu as cidades do Cazaquistão, incluindo Almaty, onde alguns manifestantes vieram com armas de fogo e começaram a saquear lojas e shoppings, de acordo com imagens de vídeo postadas no local. Eles incendiaram prédios do governo, incluindo a prefeitura e o antigo gabinete do presidente do país. Eles também capturaram o aeroporto.
As autoridades informaram que além dos mortos, cerca de mil pessoas ficaram feridas e até 400 foram hospitalizadas. Pelo menos oito membros das forças de segurança foram mortos nos confrontos, informou a polícia na quarta-feira.
A revolta começou no domingo no oeste do Cazaquistão como um protesto contra o aumento nos preços dos combustíveis. Embora o governo tenha dito que rescindiria o aumento de preços, os protestos se ampliaram, se espalhando por todo o país, com demandas mais amplas por maior representação política e melhores benefícios sociais.
O presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, emitiu um comunicado tarde da noite, chamando os manifestantes de “um bando de terroristas” que foram treinados no exterior. Ele declarou que o Cazaquistão está sob ataque e pediu a intervenção da aliança liderada pela Rússia, chamada Organização do Tratado de Segurança Coletiva, à qual seu país pertence.
As escolas do país prorrogaram suas férias de inverno em uma semana e todos os bancos comerciais no Cazaquistão foram fechados. O acesso à internet também foi interrompido esporadicamente.
A escala dos protestos pegou a maioria dos observadores da Ásia Central desprevenidos: o Cazaquistão há muito é considerado um dos Estados pós-soviéticos de maior sucesso. Tem, de longe, o maior PIB per capita da região e muitas reservas.
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