Vista aérea de um deslizamento de terra no Morro da Oficina após chuvas torrenciais em Petrópolis, Brasil 17 de fevereiro de 2022. REUTERS/Ricardo Moraes
18 de fevereiro de 2022
Por Sebastian Rocandio e Rodrigo Viga Gaier
PETRÓPOLIS, Brasil (Reuters) – O número de mortos por deslizamentos de terra e inundações na cidade de Petrópolis, no período colonial, no Brasil, subiu para 117 nesta quinta-feira e deve aumentar ainda mais à medida que a região sofre com as chuvas mais fortes em quase um século.
Fortes chuvas à tarde, quando a cidade registrou cerca de 6 cm (2,36 polegadas) de chuva, causaram ainda mais instabilidade no solo e atrapalharam os esforços para encontrar sobreviventes e limpar os escombros. A previsão é de até 4 cm de chuva durante a noite na região, segundo meteorologistas.
“Há pelo menos seis crianças aqui e pode haver mais dos vizinhos”, disse Fabio Alves, um morador, que observou que os socorristas não estavam fazendo buscas naquela área. “Estamos estimando mais de 10 pessoas enterradas aqui e precisamos de ajuda”, disse ele.
Mais de 700 pessoas tiveram que deixar suas casas e se abrigar em escolas locais e outros alojamentos improvisados. O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, comparou nesta quarta-feira os danos a uma zona de guerra.
“Estou aqui esperando encontrar minha esposa. Tenho certeza que ela está aqui. A vizinha de baixo disse que estava na sacada quando o deslizamento aconteceu”, disse Marcelo Barbosa, outro morador.
Há informações conflitantes sobre o número de vítimas da tragédia. A polícia disse que mais de 100 pessoas estão desaparecidas, enquanto a promotoria disse que pelo menos 35 pessoas estão desaparecidas.
Durante o dia, o necrotério local foi forçado a usar um caminhão refrigerado como reserva, pois mais vítimas estavam sendo trazidas enquanto outros corpos ainda aguardavam para serem identificados por suas famílias.
O chefe da defesa civil do Rio de Janeiro, Leandro Monteiro, trabalhou durante a noite, com pouca iluminação em terreno encharcado para encontrar sobreviventes. Ele está entre os mais de 500 socorristas, junto com vizinhos e parentes das vítimas que ainda procuram seus entes queridos.
“Moro aqui há 44 anos e nunca vi nada assim… Todos os meus amigos se foram, estão todos mortos, todos enterrados”, disse a moradora Maria José Dante de Araujo.
As chuvas, que só na terça-feira ultrapassaram a média de todo o mês de fevereiro, provocaram deslizamentos de terra que inundaram ruas, destruíram casas, arrastaram carros e ônibus e deixaram cortes de centenas de metros de largura nas encostas da região.
Foi a maior chuva registrada desde 1932 em Petrópolis, destino turístico da serra do estado do Rio de Janeiro, popularmente conhecida como a “Cidade Imperial” por ser o refúgio de verão da realeza brasileira no século XIX.
“Eu nem tenho palavras. Estou devastado. Estamos todos devastados pelo que perdemos, pelos nossos vizinhos, pelos nossos amigos, pelas nossas casas. E nós ainda estamos vivos, e aqueles que se foram?” disse a moradora Luci Vieira dos Santos.
O presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que prometeu visitar a região ao retornar de uma viagem oficial à Rússia e à Hungria, prometeu assistência federal para ajudar a população e começar a reconstruir a área.
À luz do desastre, o Ministério da Economia do Brasil respondeu aprovando incentivos fiscais para o Rio de Janeiro e Espírito Santo, onde as chuvas também causaram danos.
Desde dezembro, fortes chuvas provocaram inundações e deslizamentos de terra em grande parte do Brasil, ameaçando atrasar as colheitas e forçando brevemente a suspensão das operações de mineração no estado de Minas Gerais, ao norte do Rio.
(Reportagem de Sebastian Rocandio em Petrópolis e Rodrigo Viga Gaier no Rio de Janeiro; reportagem adicional de Eduardo Simões em São Paulo e Marcela Ayres em Brasília; roteiro de Gabriel Araujo e Ana Mano; edição de John Stonestreet, Alison Williams, Chizu Nomiyama e Diane Arte)
Vista aérea de um deslizamento de terra no Morro da Oficina após chuvas torrenciais em Petrópolis, Brasil 17 de fevereiro de 2022. REUTERS/Ricardo Moraes
18 de fevereiro de 2022
Por Sebastian Rocandio e Rodrigo Viga Gaier
PETRÓPOLIS, Brasil (Reuters) – O número de mortos por deslizamentos de terra e inundações na cidade de Petrópolis, no período colonial, no Brasil, subiu para 117 nesta quinta-feira e deve aumentar ainda mais à medida que a região sofre com as chuvas mais fortes em quase um século.
Fortes chuvas à tarde, quando a cidade registrou cerca de 6 cm (2,36 polegadas) de chuva, causaram ainda mais instabilidade no solo e atrapalharam os esforços para encontrar sobreviventes e limpar os escombros. A previsão é de até 4 cm de chuva durante a noite na região, segundo meteorologistas.
“Há pelo menos seis crianças aqui e pode haver mais dos vizinhos”, disse Fabio Alves, um morador, que observou que os socorristas não estavam fazendo buscas naquela área. “Estamos estimando mais de 10 pessoas enterradas aqui e precisamos de ajuda”, disse ele.
Mais de 700 pessoas tiveram que deixar suas casas e se abrigar em escolas locais e outros alojamentos improvisados. O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, comparou nesta quarta-feira os danos a uma zona de guerra.
“Estou aqui esperando encontrar minha esposa. Tenho certeza que ela está aqui. A vizinha de baixo disse que estava na sacada quando o deslizamento aconteceu”, disse Marcelo Barbosa, outro morador.
Há informações conflitantes sobre o número de vítimas da tragédia. A polícia disse que mais de 100 pessoas estão desaparecidas, enquanto a promotoria disse que pelo menos 35 pessoas estão desaparecidas.
Durante o dia, o necrotério local foi forçado a usar um caminhão refrigerado como reserva, pois mais vítimas estavam sendo trazidas enquanto outros corpos ainda aguardavam para serem identificados por suas famílias.
O chefe da defesa civil do Rio de Janeiro, Leandro Monteiro, trabalhou durante a noite, com pouca iluminação em terreno encharcado para encontrar sobreviventes. Ele está entre os mais de 500 socorristas, junto com vizinhos e parentes das vítimas que ainda procuram seus entes queridos.
“Moro aqui há 44 anos e nunca vi nada assim… Todos os meus amigos se foram, estão todos mortos, todos enterrados”, disse a moradora Maria José Dante de Araujo.
As chuvas, que só na terça-feira ultrapassaram a média de todo o mês de fevereiro, provocaram deslizamentos de terra que inundaram ruas, destruíram casas, arrastaram carros e ônibus e deixaram cortes de centenas de metros de largura nas encostas da região.
Foi a maior chuva registrada desde 1932 em Petrópolis, destino turístico da serra do estado do Rio de Janeiro, popularmente conhecida como a “Cidade Imperial” por ser o refúgio de verão da realeza brasileira no século XIX.
“Eu nem tenho palavras. Estou devastado. Estamos todos devastados pelo que perdemos, pelos nossos vizinhos, pelos nossos amigos, pelas nossas casas. E nós ainda estamos vivos, e aqueles que se foram?” disse a moradora Luci Vieira dos Santos.
O presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que prometeu visitar a região ao retornar de uma viagem oficial à Rússia e à Hungria, prometeu assistência federal para ajudar a população e começar a reconstruir a área.
À luz do desastre, o Ministério da Economia do Brasil respondeu aprovando incentivos fiscais para o Rio de Janeiro e Espírito Santo, onde as chuvas também causaram danos.
Desde dezembro, fortes chuvas provocaram inundações e deslizamentos de terra em grande parte do Brasil, ameaçando atrasar as colheitas e forçando brevemente a suspensão das operações de mineração no estado de Minas Gerais, ao norte do Rio.
(Reportagem de Sebastian Rocandio em Petrópolis e Rodrigo Viga Gaier no Rio de Janeiro; reportagem adicional de Eduardo Simões em São Paulo e Marcela Ayres em Brasília; roteiro de Gabriel Araujo e Ana Mano; edição de John Stonestreet, Alison Williams, Chizu Nomiyama e Diane Arte)
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