KYIV, Ucrânia – Uma equipe de inspetores nucleares internacionais esteve na Ucrânia nesta terça-feira como parte de uma viagem arriscada para avaliar a segurança de uma usina nuclear que foi repetidamente atingida por projéteis de artilharia, na esperança de fornecer ao mundo um primeiro vislumbre imparcial do ameaça.
A Usina Nuclear de Zaporizhzhia, que é a primeira na história da energia nuclear civil onde reatores ativos foram ameaçados por conflitos militares, é controlada por tropas russas, mas operada por engenheiros ucranianos.
As condições no local, que foi envolto em fumaça na segunda-feira devido a incêndios florestais desencadeados por combates nas proximidades, estão se desfazendo há semanas. Uma imagem divulgada na segunda-feira por uma empresa comercial de satélites mostrou buracos escurecidos perfurados pela artilharia no telhado de um prédio.
Os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica chegaram à Ucrânia, Anton Gerashchenko, conselheiro do ministro de assuntos internos da Ucrânia, disse no Twitter. A missão da AIEA na fábrica está entre as mais complicadas já feitas pela agência, que também trabalhou no Iraque, Irã e Coreia do Norte.
Uma pessoa familiarizada com o assunto, que falou sob condição de anonimato para discutir questões delicadas de segurança, disse que os arranjos para a missão são complexos e sujeitos a mudanças, mas que a equipe pode chegar à planta já na quarta-feira.
Para chegar à usina, os inspetores devem cruzar uma linha de frente na guerra ativa no sul da Ucrânia. Nenhum dos lados anunciou cessar-fogo para a visita.
Em uma indicação da dificuldade da missão, Mykhailo Podolyak, assessor do presidente ucraniano, tuitou que as forças russas estavam “deliberadamente bombardeando” possíveis rotas para o local na tentativa de dissuadir a missão de continuar apesar da aprovação formal da Rússia.
A usina fica perto do local dos duelos de artilharia entre os exércitos russo e ucraniano, que estão atirando um contra o outro através do rio Dnipro, a ampla via navegável no centro da Ucrânia que marca a frente.
Funcionários que fugiram para território controlado pela Ucrânia disseram que soldados russos estacionaram veículos blindados em duas salas de máquinas perto de reatores. Autoridades ucranianas pediram a retirada imediata da fábrica de tropas russas, que, segundo eles, a estão usando para encenar ataques de artilharia, enquanto a Ucrânia não pode revidar sem arriscar uma liberação de radiação. A Rússia culpa a Ucrânia por bombardear a usina.
O governo dos EUA pediu na segunda-feira o desligamento controlado dos dois reatores ativos restantes, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John F. Kirby. Os Estados Unidos também pediram a desmilitarização da área ao redor da usina, para reduzir o risco de liberação de radiação. “Uma usina nuclear não é o local apropriado para operações de combate”, disse Kirby, acrescentando que desligar os reatores ativos era “a opção mais segura”.
A luta continuou a se intensificar perto da fábrica. Foguetes atingiram a cidade de Nikopol, controlada pela Ucrânia, durante a noite, atingindo uma rodoviária, lojas e uma biblioteca infantil, disseram autoridades ucranianas nesta terça-feira. Nikopol fica na margem ocidental de um reservatório formado pelo represado Dnipro; a fábrica de Zaporizhzhia fica na margem leste.
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