Antes uma presença discretamente sorridente ao lado do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, a primeira-dama Michelle Bolsonaro está cada vez mais cortejando cristãos evangélicos e mulheres eleitoras para reeleger o marido que ela chama de “um dos escolhidos de Deus”.
Perdendo nas pesquisas para seu rival de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, o titular de extrema-direita recorreu à sua esposa telegênica e fervorosamente cristã para ajudá-lo com esses dois principais grupos demográficos antes das eleições de 2 de outubro.
Presença principalmente nos bastidores durante a maior parte do mandato de Bolsonaro, a primeira-dama agora está desempenhando um papel de protagonista em sua campanha – a ponto de fazer o que ele mesmo chamou de discurso principal quando lançou sua candidatura à reeleição há um mês.
“Ela é a pessoa mais importante aqui”, disse Bolsonaro, 67 anos, naquele dia.
Ele então entregou o microfone para sua radiante esposa de 40 anos, que alertou ameaçadoramente contra o retorno de “nossos inimigos” ao poder e liderou a multidão na oração do Senhor.
Bolsonaro tem lutado há muito tempo com as mulheres eleitoras.
Em sua campanha de 2018, o ex-capitão do Exército foi alvo de um movimento liderado por mulheres chamado #EleNao – “não ele” – lançado por críticos que o acusam de misoginia.
Ele reviveu essas acusações desta vez com um comportamento controverso de campanha, como se gabar de suas supostas proezas sexuais e atacar uma jornalista que lhe fez uma pergunta difícil durante o primeiro debate presidencial.
“Você deve ter uma queda por mim ou algo assim,” ele disse a ela sarcasticamente.
Entra a primeira-dama.
“O papel dela é tornar (Bolsonaro) mais atraente para o eleitor feminino”, diz Sergio Praça, analista político da Fundação Getúlio Vargas.
Estratégia vencedora?
Tanto Bolsonaro quanto o ex-presidente Lula estão cortejando intensamente mulheres (53% do eleitorado) e evangélicos (cerca de 31% dos 213 milhões de brasileiros).
Conhecido por seu estilo agressivo e uso de palavrões, Bolsonaro às vezes esfregou os dois grupos da maneira errada.
Analistas políticos dizem que as mulheres eleitoras também se ressentem de sua falta de políticas para ajudá-las no mal-estar econômico pós-Covid-19 do país, cujo impacto recaiu desproporcionalmente em seus ombros.
Michelle, terceira esposa de Bolsonaro, passa a mensagem de que o presidente é um “homem de família conservador” e candidato “confiável”, diz Carolina Botelho, especialista em comunicação política da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
O papel cada vez mais ativo da elegante primeira-dama chamou a atenção – inclusive entre as autoridades eleitorais, que recentemente bloquearam um anúncio de campanha de Bolsonaro da televisão, determinando que ela havia excedido o tempo concedido aos aliados dos candidatos.
Mas não está claro se a estratégia está valendo a pena: os números de pesquisas de Bolsonaro entre as mulheres permaneceram essencialmente estáveis, com uma vantagem de dois dígitos para Lula.
Michelle “pode ter reforçado a posição (de Bolsonaro) entre as mulheres que já estavam com ele, mas não atraiu as que estavam contra ele”, diz Botelho.
“Ela fala bem para um público fanático e radicalizado, mas não para o resto da população.”
Religião e política
A primeira-dama parece ter maior atração com os cristãos conservadores, dada sua história de voluntariado em projetos de caridade afiliados à igreja e seus laços estreitos com poderosos pastores e políticos evangélicos.
“Sua principal força está entre o eleitorado evangélico”, diz Adriano Laureno, analista político da consultoria Prospectiva.
Seu estilo de falar “se assemelha muito ao de um pastor”, com referências constantes a Deus e uma luta entre o bem e o mal, acrescenta.
Nesse caso, a estratégia parece estar dando certo: Bolsonaro tem vantagem de dois dígitos sobre Lula entre os evangélicos.
As pesquisas também mostram que a maioria dos eleitores no Brasil acredita que a religião deve desempenhar um papel na política.
A primeira-dama faz exatamente isso em suas aparições públicas, repetindo regularmente o slogan do marido: “Brasil acima de tudo, e Deus acima de todos”.
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Antes uma presença discretamente sorridente ao lado do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, a primeira-dama Michelle Bolsonaro está cada vez mais cortejando cristãos evangélicos e mulheres eleitoras para reeleger o marido que ela chama de “um dos escolhidos de Deus”.
Perdendo nas pesquisas para seu rival de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, o titular de extrema-direita recorreu à sua esposa telegênica e fervorosamente cristã para ajudá-lo com esses dois principais grupos demográficos antes das eleições de 2 de outubro.
Presença principalmente nos bastidores durante a maior parte do mandato de Bolsonaro, a primeira-dama agora está desempenhando um papel de protagonista em sua campanha – a ponto de fazer o que ele mesmo chamou de discurso principal quando lançou sua candidatura à reeleição há um mês.
“Ela é a pessoa mais importante aqui”, disse Bolsonaro, 67 anos, naquele dia.
Ele então entregou o microfone para sua radiante esposa de 40 anos, que alertou ameaçadoramente contra o retorno de “nossos inimigos” ao poder e liderou a multidão na oração do Senhor.
Bolsonaro tem lutado há muito tempo com as mulheres eleitoras.
Em sua campanha de 2018, o ex-capitão do Exército foi alvo de um movimento liderado por mulheres chamado #EleNao – “não ele” – lançado por críticos que o acusam de misoginia.
Ele reviveu essas acusações desta vez com um comportamento controverso de campanha, como se gabar de suas supostas proezas sexuais e atacar uma jornalista que lhe fez uma pergunta difícil durante o primeiro debate presidencial.
“Você deve ter uma queda por mim ou algo assim,” ele disse a ela sarcasticamente.
Entra a primeira-dama.
“O papel dela é tornar (Bolsonaro) mais atraente para o eleitor feminino”, diz Sergio Praça, analista político da Fundação Getúlio Vargas.
Estratégia vencedora?
Tanto Bolsonaro quanto o ex-presidente Lula estão cortejando intensamente mulheres (53% do eleitorado) e evangélicos (cerca de 31% dos 213 milhões de brasileiros).
Conhecido por seu estilo agressivo e uso de palavrões, Bolsonaro às vezes esfregou os dois grupos da maneira errada.
Analistas políticos dizem que as mulheres eleitoras também se ressentem de sua falta de políticas para ajudá-las no mal-estar econômico pós-Covid-19 do país, cujo impacto recaiu desproporcionalmente em seus ombros.
Michelle, terceira esposa de Bolsonaro, passa a mensagem de que o presidente é um “homem de família conservador” e candidato “confiável”, diz Carolina Botelho, especialista em comunicação política da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
O papel cada vez mais ativo da elegante primeira-dama chamou a atenção – inclusive entre as autoridades eleitorais, que recentemente bloquearam um anúncio de campanha de Bolsonaro da televisão, determinando que ela havia excedido o tempo concedido aos aliados dos candidatos.
Mas não está claro se a estratégia está valendo a pena: os números de pesquisas de Bolsonaro entre as mulheres permaneceram essencialmente estáveis, com uma vantagem de dois dígitos para Lula.
Michelle “pode ter reforçado a posição (de Bolsonaro) entre as mulheres que já estavam com ele, mas não atraiu as que estavam contra ele”, diz Botelho.
“Ela fala bem para um público fanático e radicalizado, mas não para o resto da população.”
Religião e política
A primeira-dama parece ter maior atração com os cristãos conservadores, dada sua história de voluntariado em projetos de caridade afiliados à igreja e seus laços estreitos com poderosos pastores e políticos evangélicos.
“Sua principal força está entre o eleitorado evangélico”, diz Adriano Laureno, analista político da consultoria Prospectiva.
Seu estilo de falar “se assemelha muito ao de um pastor”, com referências constantes a Deus e uma luta entre o bem e o mal, acrescenta.
Nesse caso, a estratégia parece estar dando certo: Bolsonaro tem vantagem de dois dígitos sobre Lula entre os evangélicos.
As pesquisas também mostram que a maioria dos eleitores no Brasil acredita que a religião deve desempenhar um papel na política.
A primeira-dama faz exatamente isso em suas aparições públicas, repetindo regularmente o slogan do marido: “Brasil acima de tudo, e Deus acima de todos”.
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