O novo governo de esquerda do Brasil apertou a rede em torno de supostos instigadores de distúrbios que visavam os assentos do poder, ordenando uma investigação do ex-presidente Jair Bolsonaro e prendendo seu ministro da Justiça no sábado.
Milhares de apoiadores de Bolsonaro invadiram o palácio presidencial, os prédios do Congresso e do Supremo Tribunal Federal na capital Brasília no último domingo, exigindo a renúncia de seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva.
Eles quebraram janelas e móveis, destruindo obras de arte de valor inestimável, e deixaram mensagens pichadas pedindo um golpe militar.
Mais de 2.000 supostos desordeiros foram detidos, e as autoridades estão rastreando os suspeitos de terem planejado e financiado a revolta que chocou o Brasil e o mundo.
No final da sexta-feira, um juiz do Supremo Tribunal deu sinal verde para uma investigação sobre as origens dos distúrbios para também olhar para Bolsonaro, que durante anos tentou lançar dúvidas sobre o sistema eleitoral internacionalmente aclamado do Brasil.
Um pedido para adicionar Bolsonaro à lista de suspeitos partiu da Procuradoria-Geral da República (PGR), que citou um vídeo que ele postou “questionando a regularidade das eleições presidenciais de 2022”.
Ao fazer isso, “Bolsonaro teria incitado publicamente a prática de um crime”, disse um comunicado da PGR.
O pedido dizia respeito a uma investigação em andamento sobre a “instigação e autoria intelectual” do tumulto.
Bolsonaro nunca reconheceu publicamente a vitória de Lula e partiu para os Estados Unidos, onde permanece, dois dias antes da posse de seu sucessor.
O último ministro da Justiça do ex-presidente de extrema direita, Anderson Torres, também estava nos Estados Unidos quando os tumultos aconteceram e foi preso na madrugada deste sábado, quando voltava para Brasília.
Torres é alvo de um mandado da Suprema Corte por suposto “conluio” com os manifestantes e é acusado de “omissão” em seu trabalho mais recente como chefe de segurança da capital.
Negação
A Polícia Federal do Brasil disse no sábado que havia executado um mandado de “prisão preventiva” de Torres.
Disse que ele “foi preso ao desembarcar no Aeroporto de Brasília e encaminhado à prisão preventiva, onde ficará à disposição da Justiça. A investigação permanece confidencial.”
O novo ministro da Justiça de Lula, Flavio Dino, confirmou na sexta-feira a descoberta na casa de Torres de um projeto de decreto propondo medidas emergenciais para a possível “correção” da eleição de outubro, que Lula venceu por uma margem estreita.
A minuta sem data e sem assinatura, publicada em jornal, leva o nome de Bolsonaro, mas Dino disse que a autoria é desconhecida.
Dino disse que o documento ligava os pontos entre a vitória eleitoral de Lula em 30 de outubro e os distúrbios de 8 de janeiro.
Foi, disse, um “elemento fundamental para entender causa e efeito”, um “elo perdido entre uma sucessão de eventos, mostrando que eles não foram isolados. E sim, que houve… um plano”.
Lula e Dino disseram que a violência não poderia ter acontecido sem a conivência de membros das forças de segurança.
Torres disse no Twitter que o documento “provavelmente” fazia parte de uma pilha de papéis destinados a serem destruídos.
Ele disse que o conteúdo do rascunho foi tirado “fora do contexto” para “alimentar falsas narrativas” contra ele.
Torres e Bolsonaro negaram envolvimento nos distúrbios de 8 de janeiro.
Mas a PGR disse que o vídeo de Bolsonaro no Facebook — ainda que postado dois dias após o levante e posteriormente removido — pode servir como “conexão probatória” que justificou “uma investigação global dos atos praticados antes e depois de 8 de janeiro de 2023 pelo réu”.
‘Infiltrados’
Em nota vista pela AFP na sexta-feira, a defesa de Bolsonaro culpou os “infiltrados” pela violência e disse que ele “nunca teve qualquer relação ou participação nesses movimentos”.
Após a violência, muitos manifestantes alegaram – sem provas – que os agitadores de esquerda eram os verdadeiros culpados, assim como nos Estados Unidos, quando alguns da direita culparam o grupo de extrema-esquerda Antifa pela invasão do Capitólio em janeiro. 6 de 2021.
“Quando os bolsonaristas chegaram (no Congresso), já estava tudo quebrado”, disse um à AFP-TV. “Havia infiltrados do PT (Partido dos Trabalhadores de Lula). Fomos traídos”.
Muitos dos manifestantes foram alimentados pela retórica anti-“comunismo” de Bolsonaro contra Lula, que havia servido dois mandatos anteriores como presidente de 2003 a 2010.
Eles também desconfiam profundamente de Lula e do PT depois de um grande escândalo de corrupção que o levou a cumprir pena na prisão antes de ter sua condenação anulada.
A Procuradoria-Geral da República identificou 52 pessoas e sete empresas suspeitas de terem ajudado a pagar o transporte e a alimentação dos manifestantes.
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(Esta história não foi editada pela equipe do News18 e foi publicada a partir de um feed de agência de notícias sindicalizado)
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