Manifestantes atirando pedras travaram batalhas campais com a polícia em novas manifestações exigindo a renúncia da presidente peruana Dina Boluarte na sexta-feira, enquanto várias centenas de turistas ficaram presos perto de Machu Picchu.
A agitação civil desde a deposição do antecessor de Boluarte, Pedro Castillo, no início de dezembro deixou 45 mortos e levou o governo a impor estado de emergência em áreas atingidas pela violência.
Na sexta-feira, as forças de segurança dispararam gás lacrimogêneo contra os manifestantes usando estilingues na cidade de Arequipa, um ponto crítico no sul.
Multidões tentaram pelo segundo dia consecutivo invadir a pista de um aeroporto que foi fechada e colocada sob vigilância das forças de segurança.
Os confrontos também eclodiram na região norte de La Libertad, apesar do apelo de Boluarte por calma.
Na capital Lima, manifestantes gritando palavras de ordem antigovernamentais também enfrentaram a tropa de choque.
O aeroporto no popular destino turístico de Cusco reabriu, levando os viajantes a fazer fila para os voos.
Mas os serviços ferroviários para a famosa Machu Picchu permaneceram suspensos, deixando pelo menos 300 pessoas presas na cidade mais próxima da cidadela inca, implorando para serem evacuadas.
“Não temos certeza se um trem virá nos buscar”, disse à AFP Alem Lopez, um visitante do Chile.
Em dezembro, cerca de 200 turistas retidos foram retirados da área de helicóptero.
Os manifestantes estão tentando manter a pressão sobre o governo, desafiando o estado de emergência que agora cobre quase um terço do país.
A violência deixou 44 civis e um policial morto.
Divisão urbano-rural
Na quinta-feira, milhares de pessoas marcharam pela capital Lima em uma grande manifestação antigovernamental pontuada por confrontos com a polícia.
“Dina escuta, o povo te renega”, gritavam, enquanto outros pediam o assassinato do presidente.
Castillo, um ex-professor de escola rural, foi destituído do cargo e preso em 7 de dezembro depois de tentar dissolver a legislatura do país e governar por decreto, em meio a múltiplas investigações de corrupção.
A crise também reflete o enorme fosso entre a capital e as províncias rurais, que apoiaram Castillo e viram sua eleição como uma vingança pelo desprezo de Lima.
Os aldeões rurais viram Castillo, que vem da região andina do Peru e tem raízes indígenas, como um dos seus próprios dirigentes do país.
Boluarte, que era vice-presidente de Castillo, o sucedeu, mas mesmo ela sendo do mesmo partido de esquerda, os partidários de Castillo a rejeitaram, chamando-a até de “traidora”.
Boluarte apelou ao diálogo em mensagem transmitida pela televisão estatal.
“Não vou me cansar” de buscar formas pacíficas de fazer o país avançar, disse ela na noite de quinta-feira, acrescentando que os “atos de violência gerados ao longo de dezembro e agora em janeiro não ficarão impunes”.
Mas suas palavras caíram em ouvidos surdos.
“Este governo não nos representa”, disse Ricardo Mamani, 47, que disse ter viajado mais de 40 horas para participar da marcha em Lima.
“Estamos exigindo de uma vez por todas que essa senhora (Boluarte) se afaste para que o povo fique em paz”, afirmou.
Mamani, que vestiu-se de preto para lamentar os mortos nas manifestações, instou as organizações internacionais de direitos humanos a intervir.
“Não há ninguém para nos defender”, disse ele.
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(Esta história não foi editada pela equipe do News18 e foi publicada a partir de um feed de agência de notícias sindicalizado)
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