O governo da Ucrânia convocou neste domingo uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para “combater a chantagem nuclear do Kremlin” depois que o presidente russo, Vladimir Putin, revelou planos de estacionar armas atômicas táticas na Bielo-Rússia.
Uma autoridade ucraniana disse que a Rússia “tomou Belarus como refém nuclear”.
Aumentando ainda mais as tensões, uma explosão no interior da Rússia feriu três pessoas no domingo. As autoridades russas culparam um drone ucraniano pela explosão, que danificou prédios residenciais em uma cidade a apenas 175 quilômetros ao sul de Moscou.
A Rússia disse que o plano de posicionar armas nucleares táticas na Bielo-Rússia vem em resposta ao crescente apoio militar do Ocidente à Ucrânia. Putin anunciou o plano em uma entrevista na TV que foi ao ar no sábado, dizendo que foi desencadeado por uma decisão do Reino Unido na semana passada de fornecer à Ucrânia munições perfurantes contendo urânio empobrecido.
Putin argumentou que, ao implantar suas armas nucleares táticas na Bielo-Rússia, a Rússia estava seguindo o exemplo dos Estados Unidos. Ele observou que Washington tem armas nucleares baseadas na Bélgica, Alemanha, Itália, Holanda e Turquia.
“Estamos fazendo o que eles vêm fazendo há décadas, posicionando-os em certos países aliados, preparando as plataformas de lançamento e treinando suas tripulações”, disse ele.
O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia condenou a medida em um comunicado no domingo e exigiu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.
“A Ucrânia espera uma ação efetiva para combater a chantagem nuclear do Kremlin pelo Reino Unido, China, Estados Unidos e França”, dizia o comunicado, dizendo que esses países “têm uma responsabilidade especial” em relação à agressão nuclear.
“O mundo deve se unir contra alguém que põe em perigo o futuro da civilização humana”, disse o comunicado.
A Ucrânia não comentou a explosão de domingo dentro da Rússia. Ele deixou uma cratera de cerca de 15 metros (50 pés) de diâmetro e cinco metros de profundidade (16 pés), de acordo com relatos da mídia.
A agência de notícias estatal russa Tass informou que as autoridades identificaram o drone como um Tu-141 ucraniano. O drone da era soviética foi reintroduzido na Ucrânia em 2014 e tem um alcance de cerca de 1.000 quilômetros (620 milhas).
A explosão ocorreu na cidade de Kireyevsk, na região de Tula, a cerca de 300 quilômetros da fronteira com a Ucrânia. O Ministério da Defesa da Rússia disse que o drone caiu depois que um sistema de bloqueio eletrônico desativou sua navegação.
Ataques de drones semelhantes foram comuns durante a guerra, embora a Ucrânia quase nunca reconheça a responsabilidade. Na segunda-feira, a Rússia disse que drones ucranianos atacaram instalações civis na cidade de Dzhankoi, na Crimeia anexada à Rússia. Os militares da Ucrânia disseram que vários mísseis de cruzeiro russos foram destruídos, mas não reivindicaram especificamente a responsabilidade.
Em dezembro, os militares russos relataram vários ataques de drones ucranianos a bases de bombardeiros de longo alcance nas profundezas da Rússia. O Ministério da Defesa da Rússia disse que os drones foram abatidos, mas reconheceu que seus destroços danificaram algumas aeronaves e mataram vários militares.
Além disso, as autoridades russas relataram ataques de pequenos drones nas regiões de Bryansk e Belgorod, na fronteira com a Ucrânia.
No sábado, Putin argumentou que o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, há muito pede para ter armas nucleares em seu país novamente para combater a OTAN. A Bielorrússia faz fronteira com três membros da OTAN – Letônia, Lituânia e Polônia – e a Rússia usou o território bielorrusso como base para enviar tropas à vizinha Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.
Tanto o apoio de Lukashenko à guerra quanto os planos de Putin de estacionar armas nucleares táticas na Bielorrússia foram denunciados pela oposição bielorrussa.
Oleksiy Danilov, secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, twittou no domingo que o anúncio de Putin foi “um passo para a desestabilização interna” da Bielorrússia que maximizou “o nível de percepção negativa e rejeição pública” da Rússia e de Putin na sociedade bielorrussa. O Kremlin, acrescentou Danilov, “tomou a Bielo-Rússia como refém nuclear”.
As armas nucleares táticas são destinadas ao uso no campo de batalha e têm um curto alcance e baixo rendimento em comparação com ogivas nucleares muito mais poderosas instaladas em mísseis de longo alcance. A Rússia planeja manter o controle sobre os que envia para a Bielo-Rússia, e a construção de instalações de armazenamento para eles será concluída até 1º de julho, disse Putin.
A Rússia armazenou suas armas nucleares táticas em depósitos dedicados em seu território, e mover parte do arsenal para uma instalação de armazenamento na Bielo-Rússia aumentaria a aposta no conflito ucraniano, colocando-os mais perto de aeronaves e mísseis russos já estacionados lá.
Os EUA disseram que iriam “monitorar as implicações” do anúncio de Putin. Até agora, Washington não viu “nenhuma indicação de que a Rússia está se preparando para usar uma arma nuclear”, disse a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Adrienne Watson.
Na Alemanha, o Ministério das Relações Exteriores chamou isso de “mais uma tentativa de intimidação nuclear”, informou a agência de notícias alemã dpa no final do sábado. O ministério continuou dizendo que “a comparação feita pelo presidente Putin com a participação nuclear da OTAN é enganosa e não pode ser usada para justificar a medida anunciada pela Rússia”.
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(Esta história não foi editada pela equipe do News18 e foi publicada a partir de um feed de agência de notícias sindicalizado)
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