O presidente Vladimir Putin disse na sexta-feira que o envio de armas nucleares táticas para a Bielo-Rússia, algo que ele confirmou pela primeira vez já havia acontecido, era um lembrete para o Ocidente de que não poderia infligir uma derrota estratégica à Rússia.
Falando no principal fórum econômico da Rússia em São Petersburgo, Putin disse que ogivas nucleares táticas russas já foram entregues ao aliado próximo da Bielo-Rússia, mas enfatizou que não vê necessidade de a Rússia recorrer a armas nucleares por enquanto.
“Como você sabe, estávamos negociando com nosso aliado, (o presidente da Bielorrússia (Alexander) Lukashenko), que transferiríamos uma parte dessas armas nucleares táticas para o território da Bielo-Rússia – isso aconteceu”, disse Putin.
“As primeiras ogivas nucleares foram entregues no território da Bielo-Rússia. Mas só os primeiros, a primeira parte. Mas faremos esse trabalho completamente no final do verão ou no final do ano.”
O movimento, a primeira implantação de Moscou de tais ogivas – armas nucleares de curto alcance que poderiam ser usadas no campo de batalha – fora da Rússia desde a queda da União Soviética, pretendia ser um aviso ao Ocidente sobre armar e apoiar a Ucrânia, o líder russo disse.
“…É precisamente como um elemento de dissuasão para que todos aqueles que estão pensando em nos infligir uma derrota estratégica não fiquem alheios a esta circunstância”, disse Putin, usando um termo diplomático para uma derrota tão severa que o poder russo seria diminuído. no cenário mundial há décadas.
Lukashenko, um fiel aliado de Putin, disse na noite de terça-feira que seu país começou a receber armas nucleares táticas russas que incluíam cerca de três vezes mais poderosas do que as bombas atômicas que os EUA lançaram sobre o Japão em 1945.
O líder russo anunciou em março que havia concordado em implantar armas nucleares táticas na Bielo-Rússia, apontando para a implantação de tais armas pelos EUA em vários países europeus ao longo de muitas décadas.
PUTIN DIZ QUE O OCIDENTE QUER DERROTA ESTRATÉGICA
Os Estados Unidos criticaram a decisão de Putin, mas disseram que não têm intenção de alterar sua própria posição sobre armas nucleares estratégicas e não viram nenhum sinal de que a Rússia esteja se preparando para usar uma arma nuclear.
O passo russo, no entanto, está sendo observado de perto por Washington e seus aliados, bem como pela China, que repetidamente advertiu contra o uso de armas nucleares na guerra na Ucrânia.
Putin disse que o Ocidente está fazendo tudo o que pode para infligir uma derrota estratégica à Rússia na Ucrânia, onde Moscou está travada na maior guerra terrestre na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, depois de invadir seu vizinho no ano passado no que chamou de “uma operação militar especial”.
Mas a Rússia não precisa recorrer a armas nucleares por enquanto, disse Putin, sinalizando que não há mudança na postura nuclear de Moscou, que só prevê tal movimento se a existência do Estado russo estiver ameaçada.
“As armas nucleares foram feitas para garantir nossa segurança no sentido mais amplo da palavra e a existência do Estado russo, mas nós… não temos essa necessidade (de usá-las)”, disse Putin.
Mas ele disse que as negociações com o Ocidente para reduzir o vasto arsenal nuclear da Rússia, o maior do mundo, não deram certo.
“Apenas falar sobre isso (o uso potencial de armas nucleares) reduz o limiar nuclear. Temos mais do que países da OTAN e eles querem reduzir nossos números. Dane-se”, disse Putin.
Soando desafiador ao se dirigir à elite política e empresarial de seu país, ele disse que uma contra-ofensiva ucraniana contra as forças russas na Ucrânia até agora não teve nenhum sucesso significativo. As forças de Kiev estavam sofrendo pesadas perdas e “não tinham chance” contra os militares da Rússia, disse ele.
A Ucrânia logo ficaria sem seu próprio equipamento militar, tornando-a totalmente dependente do equipamento fornecido pelo Ocidente, minando sua capacidade de lutar por muito tempo, sugeriu ele.
Recordando seus objetivos declarados no início da guerra para “desmilitarizar” e “desnazificar” a Ucrânia, Putin disse:
“Quanto à desmilitarização, em breve a Ucrânia deixará de usar seu próprio equipamento. Nada sobrou. Tudo sobre o que eles lutam e tudo o que eles usam é trazido de fora. Bem, você não pode lutar assim por muito tempo.”
PUTIN AVISA SOBRE F-16S
Analistas militares independentes dizem que a Ucrânia superou o exército muito maior da Rússia em quase 16 meses de guerra, forçando-a a grandes retiradas em torno das cidades de Kiev, Kharkiv e Kherson.
Os chefes militares da Ucrânia disseram na sexta-feira que o avanço das tropas ucranianas enfrentava “resistência desesperada” das forças russas ao redor da cidade de Bakhmut, que a Rússia capturou no mês passado após a batalha mais longa da guerra.
A Ucrânia diz ter recapturado sete aldeias e 100 quilômetros quadrados (38 milhas quadradas) nos estágios iniciais de sua contra-ofensiva.
Mas o Ministério da Defesa da Rússia disse na sexta-feira que suas forças repeliram várias tentativas de contra-ataque do exército ucraniano em diferentes locais da linha de frente nas últimas 24 horas, infligindo graves perdas às forças de Kiev.
Putin disse que equipamentos fornecidos pelo Ocidente, como tanques Leopard de fabricação alemã, são regularmente destruídos e que se Kiev obtivesse caças F-16 fabricados nos Estados Unidos de seus aliados, eles também seriam incendiados.
“Os F-16 também estarão queimando, não há dúvida. Mas se eles forem estacionados fora da Ucrânia e usados em operações de combate, teremos que ver como engajar e onde engajar esses recursos sendo usados em operações de combate contra nós.”
Isso, disse ele, representa “um sério perigo” de arrastar a OTAN ainda mais para o conflito.
(Esta história não foi editada pela equipe do News18 e foi publicada a partir de um feed de agência de notícias sindicalizado – Reuters)
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