Um soldado israelense foi morto por “fogo real” durante uma operação em andamento no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada, informou o Exército em comunicado divulgado na quarta-feira.
“Esta noite (terça-feira) um suboficial em serviço de combate foi morto por fogo real durante a operação contra a infra-estrutura terrorista no campo de Jenin”, disse o exército.
Este desenvolvimento ocorreu quando as forças israelenses começaram a se retirar de um campo de refugiados na Cisjordânia na terça-feira, após quase dois dias de uma operação militar em grande escala na área que matou 12 palestinos.
O ataque ao campo de refugiados de Jenin, lançado na segunda-feira sob o governo de direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, empregou centenas de soldados, bem como ataques de drones e escavadeiras do exército que destruíram ruas.
Em outro lugar, um ataque com carro e esfaqueamento em Tel Aviv feriu sete pessoas antes que o suspeito fosse morto a tiros no segundo dia da maior operação militar de Israel em anos na Cisjordânia ocupada.
“As forças israelenses começaram a se retirar do campo de Jenin”, disse um porta-voz do exército à AFP na noite de terça-feira, sem dar mais detalhes.
Horas antes, explosões foram ouvidas no acampamento e um drone sobrevoou o local, informou um correspondente da AFP.
O ministério da saúde palestino disse que dois palestinos foram mortos na terça-feira, elevando o número total de mortos para 12 desde o início do ataque que desalojou as pessoas de suas casas.
“Nos últimos cinco anos, este é o pior ataque”, disse Qasem Benighader, enfermeira do necrotério de um hospital.
O Exército disse que suas forças desmantelaram seis instalações de fabricação de explosivos e três salas de situação operacional em Jenin, e confiscaram grandes quantidades de armas.
“As armas foram localizadas em esconderijos, uma mesquita, poços escondidos em áreas civis, salas de situação operacional e em veículos”, afirmou.
O Exército disse ter descoberto esconderijos de militantes, depósitos de armas e poços subterrâneos usados para armazenar explosivos.
– ‘Cortado do mundo’ –
Durante uma visita a uma base militar perto de Jenin, Netanyahu prometeu “extirpar o terrorismo”.
“Não permitiremos que Jenin volte a ser uma cidade de refúgio para o terrorismo”.
O Ministério das Relações Exteriores da Palestina rotulou a escalada de “guerra aberta contra o povo de Jenin”.
A instituição médica Médicos Sem Fronteiras também condenou as forças israelenses por disparar gás lacrimogêneo dentro do hospital Khalil Suleiman em Jenin, chamando-o de “inaceitável”.
O ministro da saúde palestino, Mai al-Kaila, até acusou o exército de atirar em palestinos em um pátio do hospital público de Jenin.
“A agressão de Israel atingiu seu clímax esta tarde, quando cidadãos foram baleados diretamente no pátio do hospital de Jenin, ferindo três, dois deles gravemente”, disse o ministro a repórteres, acrescentando que forças também invadiram o hospital Ibn Sina.
O exército israelense disse que houve relatos nas redes sociais sobre disparos de soldados em direção a um hospital.
“Os relatórios não são atualmente conhecidos pelas forças de segurança”, afirmou, acrescentando que “organizações terroristas exploraram áreas civis como esconderijo”.
Na terça-feira, as lojas em Jenin foram fechadas em meio a uma greve geral e as ruas quase vazias repletas de escombros e bloqueios de estradas queimados.
“O mais perigoso foi o que aconteceu dentro do acampamento, onde não há eletricidade, água e estradas para quem precisa ir ao hospital”, disse à AFP o prefeito de Jenin, Nidal Abu Saleh.
Cerca de 3.000 pessoas fugiram de suas casas no campo de refugiados, disse o vice-governador de Jenin, Kamal Abu al-Roub.
Imad Jabarin, um dos que deixaram o campo coberto de escombros, disse que “todos os aspectos da vida foram destruídos, não há eletricidade nem comunicações… estamos isolados do mundo até certo ponto”.
O norte da Cisjordânia tem visto uma onda recente de ataques a israelenses, bem como a violência de colonos judeus contra palestinos.
O conflito entre israelenses e palestinos piorou desde o início do ano passado e se intensificou ainda mais sob o governo de Netanyahu, que inclui aliados de extrema direita.
O grupo militante palestino Hamas, por sua vez, elogiou o ataque “heróico” em Tel Aviv como “uma resposta inicial aos crimes contra nosso povo no campo de Jenin”.
Acredita-se que o motorista em Tel Aviv tenha atingido intencionalmente vários pedestres em uma rua comercial antes de sair do veículo para “esfaquear civis com um objeto pontiagudo”, disse a polícia.
O “terrorista”, um morador da Cisjordânia, foi morto a tiros por um civil armado que passava, disse o chefe de polícia Yaakov Shabtai.
– ‘Fortalecer os assentamentos’ –
As Nações Unidas condenaram a violência em Tel Aviv e Jenin.
“A matança, mutilação e destruição de propriedade devem parar”, disse o chefe de direitos humanos da ONU, Volker Turk.
Os Estados Unidos disseram que seu aliado Israel tem o direito de “defender seu povo contra… grupos terroristas”, mas pediram proteção aos civis.
Na Faixa de Gaza bloqueada por Israel, manifestantes queimaram pneus perto da cerca da fronteira com Israel.
Israel ocupa a Cisjordânia desde a Guerra dos Seis Dias de 1967.
Excluindo Jerusalém Oriental anexada, o território agora abriga cerca de 490.000 israelenses em assentamentos considerados ilegais pela lei internacional.
Os palestinos, que buscam seu próprio estado independente, querem que Israel se retire de todas as terras que tomou em 1967 e desmantele todos os assentamentos judaicos.
Netanyahu, no entanto, prometeu “fortalecer os assentamentos” e não expressou interesse em retomar as negociações de paz, que estão moribundas desde 2014.
Pelo menos 190 palestinos, 25 israelenses, um ucraniano e um italiano foram mortos este ano, de acordo com uma contagem da AFP compilada de fontes oficiais de ambos os lados.
Eles incluem, do lado palestino, combatentes e civis, e do lado israelense, principalmente civis e três membros da minoria árabe.
(Esta história não foi editada pela equipe do News18 e foi publicada a partir de um feed de agência de notícias sindicalizado – AFP)
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