O relógio começou a contar assim que o chute de Rebecka Blomqvist, elaborado com considerável calma e equilíbrio dadas as circunstâncias, foi para a rede. A Suécia não sabia, não naquele momento, mas tinha 95 segundos para curtir aquela sensação, de um jogo sendo defendido, de uma campanha de Copa do Mundo sendo estendida. Não duraria além disso.
Nesse tempo, naquele minuto e meio, os jogadores suecos correram para o campo, procurando Blomqvist – um substituto tardio – para agradecê-la por tirar seu time da beira do abismo. O técnico da Suécia, Peter Gerhardsson, e sua equipe se abraçaram na linha lateral. Os jogadores da Espanha olharam com os olhos vidrados para a grama, tentando reunir energia para passar por tudo de novo.
Afinal, não fazia muito tempo que eles pensavam que estavam indo para uma primeira final de Copa do Mundo. Salma Paralluelo, a estrela ascendente das últimas fases deste torneio, havia quebrado o impasse sem gols que parecia ter se estabelecido em Eden Park. Ela havia se mostrado decisiva alguns dias antes, nas quartas de final contra os holandeses. Aqui, ela reagiu instintivamente para acabar com a resistência da Suécia.
Isso também levou o banco espanhol a esvaziar; prematuramente, como se viu. A vantagem durou quase exatamente sete minutos antes de Blomqvist marcar, e o empate foi restaurado. Os pensamentos se voltaram para a prorrogação, pênaltis e como mundos inteiros giram nas margens mais finas.
E então a Espanha, por ironia, ganhou um escanteio. As bolas paradas são a arma não especialmente secreta da Suécia, é claro. Um dia antes do jogo, Jorge Vilda, o técnico espanhol, havia feito um elogio – um tanto levemente tingido, talvez, com a desaprovação do esteta – à eficácia de seus oponentes nas bolas paradas.
A Espanha, porém, não optou por lançar a bola para a grande área, para diminuir as probabilidades, para jogar as porcentagens. Em vez disso, foi passado, rápido e preciso, para Olga Carmona, a lateral. Ela deu um toque, se firmou e, em seguida, enviou um chute efervescente passando por cima dos braços estendidos da goleira sueca Zecira Musovic. Ele acertou a barra ao cair, rolando para o fundo da rede.
Mais uma vez, 95 segundos depois de seus corações afundarem, os jogadores da Espanha estavam de volta ao campo, de volta à liderança, a comissão técnica borrifando bebidas, algumas cabeças frias implorando por calma em meio ao júbilo. Desta vez, porém, não haveria uma reviravolta final. A Suécia bufou e bufou; A Espanha manteve-se firme. O placar se manteve em 2 a 1. A próxima vez que o banco dos suplentes esvaziasse seria a última.
A Espanha chegou a este torneio sem nunca ter vencido uma partida eliminatória. Já são três seguidos. Mais uma e será, pela primeira vez, campeã do mundo.
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