A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) declarou, em comunicado oficial, a sua posição favorável à manutenção do sistema de parcelamento de compras no cartão de crédito sem a aplicação de juros.
Na nota divulgada, a entidade expressou que não está a favor da extinção desse método, mas sim a favor de uma revisão dos custos e dos riscos associados ao crédito nessa modalidade.
A proposta de alteração no sistema de parcelamento sem juros no cartão de crédito foi mencionada por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, como uma potencial solução para os elevados encargos cobrados nas transações de crédito rotativo.
Essa linha de crédito é reconhecida como a mais dispendiosa do país, com uma taxa média de juros que ultrapassa os 437% ao ano.
Em busca de soluções, tanto o governo quanto o Congresso estão empenhados em introduzir medidas para regular as taxas de juros, o que implicaria na definição de um limite semelhante ao atualmente existente para o cheque especial nas contas bancárias.
Além da questão do crédito rotativo, estão em análise possíveis mudanças no parcelamento de compras sem juros no varejo.
Isso poderia ocorrer por meio do aumento das tarifas cobradas dos comerciantes ou da introdução de preços diferenciados para transações com cartão, considerando pagamentos à vista ou parcelados.
Contudo, o setor varejista teme que o governo decida limitar as opções de parcelamento sem juros, o que poderia ter um impacto significativo nas vendas, principalmente para a parcela da população de baixa renda.
A Febraban também destacou a sua participação em grupos que avaliam as razões por trás das taxas de juros praticadas e possíveis alternativas para reformular o sistema de crédito rotativo, assim como para aprimorar o mecanismo de parcelamento de compras.
A entidade ressaltou que nenhuma das abordagens em análise envolve uma mudança drástica no produto ou em sua forma de financiamento.
“Defendemos que o cartão de crédito deve ser mantido como relevante instrumento para o consumo, preservando a saúde financeira das famílias. Isso porque estudos indicam a necessidade de medidas de reequilíbrio do custo e do risco de crédito.”
“Para tanto, é necessário debater a grande distorção que só no Brasil existe, em que 75% das carteiras dos emissores e 50% das compras são feitas com parcelado sem juros”, afirmou a nota assinada pelo presidente da entidade, Isaac Sidney.
De acordo com o texto, estudos da Febraban mostram que o prazo de financiamento impacta no custo de capital e no risco de crédito, e a inadimplência das compras parceladas em longo prazo é maior do que a que ocorre na modalidade à vista, “cerca de duas vezes na média da carteira e três vezes para o público de baixa renda”.
“A Febraban continuará perseguindo uma solução construtiva que passe por uma transição gradual, para que se alcance a convergência que, ao mesmo tempo, beneficie os consumidores e garanta a viabilidade do produto para os elos que atuam na indústria do cartão de crédito, como bandeiras, bancos emissores, adquirentes (maquininhas), lojistas e consumidores”, conclui a nota.
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