Um tribunal do Vaticano condenou no sábado um outrora poderoso cardeal italiano a cinco anos e seis meses de prisão por crimes financeiros no final de um julgamento histórico.
Angelo Becciu, 75 anos, ex-conselheiro do Papa Francisco que já foi considerado um candidato papal, foi o clérigo mais antigo da Igreja Católica a enfrentar um tribunal criminal do Vaticano.
Ele e outros nove réus, incluindo financiadores, advogados e ex-funcionários do Vaticano, estavam sendo julgados por acusações de crimes financeiros centrados em um opaco negócio imobiliário em Londres.
O presidente do tribunal, Giuseppe Pignatone, leu o veredicto no sábado, com Becciu acusado de peculato, abuso de poder e adulteração de testemunhas.
Seu advogado, Fabio Viglione, disse que respeitaria a sentença, mas “certamente” apelaria. Foi-lhe também aplicada uma multa de 8.000 euros.
No centro do julgamento está a compra por 350 milhões de euros (380 milhões de dólares) de uma propriedade de luxo em Londres, como parte de um investimento que começou em 2014 e acabou custando ao Vaticano dezenas de milhões de euros.
O julgamento, que começou em julho de 2021, lançou luz sobre as finanças obscuras da Santa Sé, que o Papa Francisco tem procurado limpar desde que assumiu o comando da Igreja Católica em março de 2013.
É também um teste às suas reformas.
Poucas semanas antes do julgamento, Francisco deu aos tribunais civis do Vaticano o poder de julgar cardeais e bispos, onde anteriormente eram julgados por um tribunal presidido por cardeais.
O promotor Alessandro Diddi havia pedido sete anos e três meses de prisão para Becciu, e entre quase quatro e 13 anos para os demais.
Becciu sempre protestou veementemente a sua inocência, denunciando as acusações contra ele como “totalmente infundadas” e insistindo que nunca recebeu um centavo.
Por sua vez, a Santa Sé considerou-se “uma parte ofendida” e pediu através do Secretário de Estado Pietro Parolin que o tribunal “punisse todos os crimes”.
Quatro entidades do Vaticano são partes civis. Tinham solicitado uma indemnização aos arguidos, incluindo 177 milhões de euros por danos morais e reputacionais.
CAUSAS DE CARIDADE
Desde o início do julgamento, ocorreram mais de 80 audiências na sala dedicada nos Museus do Vaticano, onde um retrato de um sorridente Papa Francisco está pendurado na parede.
O processo foi atolado em disputas processuais, com os advogados de defesa a queixarem-se da falta de acesso a provas importantes.
Becciu, um ex-diplomata do Vaticano que viaja pelo mundo, tem sido uma presença quase constante no tribunal.
Ele foi o número dois na Secretaria de Estado, o departamento do Vaticano que trabalha mais estreitamente com o papa, de 2011 a 2018.
Ele foi transferido para chefiar o departamento que trata da criação de santos, antes de renunciar abruptamente em setembro de 2020, após ser informado de uma investigação contra ele.
Inicialmente, disse ele no julgamento, tratava-se de uma investigação sobre 125 mil euros de dinheiro do Vaticano que ele doou a uma instituição de caridade na sua terra natal, a Sardenha, que os promotores afirmam ter beneficiado o seu irmão, que dirigia a organização.
Mas mais tarde foi envolvido em investigações sobre a compra e venda da propriedade na Sloane Avenue, em Londres – resultando em perdas que, segundo o Vaticano, foram canalizadas para recursos destinados a causas de caridade.
Quando o julgamento foi iniciado, os procuradores pintaram um quadro de investimentos arriscados com pouca ou nenhuma supervisão e fraude por parte de consultores externos e internos.
Entre os réus estão dois corretores envolvidos no acordo de Londres, Gianluigi Torzi e Raffaele Mincione, bem como Enrico Crasso, um antigo gestor de investimentos do Vaticano, e o antigo funcionário do Vaticano, Fabrizio Tirabassi.
Becciu também é acusado de pagamentos feitos a uma mulher da Sardenha, Cecilia Marogna – que também está em julgamento – que, segundo ele, foram para ajudar a negociar a libertação de uma freira colombiana raptada no Mali.
(Esta história não foi editada pela equipe do News18 e é publicada no feed de uma agência de notícias sindicalizada – AFP)
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