Uma empresa que organiza as famosas touradas de Sevilha vai oferecer ingressos gratuitos para crianças com menos de oito anos, alertando organizações de defesa dos direitos dos animais de que isso pode causar “danos psicológicos”.
As touradas são alvo de críticas há bastante tempo, com milhões de pessoas assinando petições para proibir os espetáculos que ocorrem anualmente na Espanha.
E agora elas estão sendo criticadas mais uma vez depois que a empresa Pages afirmou que espectadores adultos poderiam levar crianças menores de oito anos de graça.
As crianças são convidadas a assistir às novilhadas – prática de touradas envolvendo touros mais jovens. A empresa afirmou que era “a melhor forma de introduzir os pequenos” ao mundo das touradas.
Porém, José Enrique Zaldívar, que lidera a Associação Espanhola de Veterinários pela Abolição das Touradas, afirmou que essa nova iniciativa é um sinal do declínio de público que a empresa enfrenta.
Ele declarou: “Achamos errado permitir que as crianças pequenas assistam a esses espetáculos, pois presenciar o sofrimento dos animais pode causar danos psicológicos”.
Aqueles que apoiam as touradas argumentam que a tradição deve ser mantida, uma vez que existe há séculos na famosa cidade espanhola.
As lutas geralmente mostram um toureiro vestido de forma brilhante provocando os animais, antes de serem mortos por uma espada.
O anúncio feito pela Pages esta semana ocorreu poucos dias depois que o Ministério da Cultura espanhol aboliu o prêmio nacional de touradas devido à preocupação com o bem-estar animal, gerando críticas dos fãs e da oposição conservadora que veem a prática como uma forma de arte e um elemento essencial da identidade nacional.
Os defensores dos direitos dos animais, Pacma, elogiaram a eliminação do prêmio, mas continuam lutando para que os espetáculos sejam completamente proibidos.
O Ministério da Cultura afirmou que a decisão de abolir o prêmio foi baseada na “nova realidade social e cultural na Espanha”, onde as preocupações com o bem-estar dos animais estão crescendo à medida que a frequência nas praças de touros diminui.
“Acredito que esse seja o sentimento da maioria dos espanhóis, que cada vez menos conseguem entender por que a tortura de animais é praticada em nosso país… e muito menos por que essa tortura é premiada com dinheiro público”, disse o ministro da Cultura, Ernest Urtasun, no X.
O prêmio nacional era entregue na forma de um cheque governamental de €30.000 (£25.806) e era concedido a toureiros famosos como Julian Lopez, conhecido como “El Juli”, ou a associações culturais relacionadas à tradição tauromáquica.
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