Tanques da Marinha do Brasil passam em frente ao palácio presidencial do Planalto durante desfile militar em Brasília, Brasil, 10 de agosto de 2021. REUTERS / Adriano Machado
11 de agosto de 2021
Por Anthony Boadle
BRASÍLIA (Reuters) – A Câmara dos Deputados do Brasil votou contra um plano do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro para alterar o sistema de votação do país na terça-feira, apesar de uma exibição incomum de equipamentos militares pelas Forças Armadas.
Políticos de todos os matizes consideraram o desfile de tanques da Marinha, veículos blindados e veículos anfíbios uma forma de intimidação horas antes de os legisladores votarem em uma emenda constitucional apoiada por Bolsonaro.
A Câmara dos Deputados do Brasil rejeitou a proposta com 229 votos a favor, 218 contra e 1 abstenção, com dezenas de parlamentares ausentes. A votação caiu 79 votos abaixo da maioria de três quintos necessária para aprovar uma emenda constitucional.
A Marinha disse que o desfile foi planejado muito antes da votação na Câmara dos Deputados ser marcada e tinha como objetivo convidar o presidente para um exercício militar anual no domingo.
A assessoria de imprensa do presidente não respondeu a um pedido de comentários sobre o desfile.
Com sua popularidade diminuindo em meio ao segundo surto de COVID-19 mais letal do mundo, Bolsonaro insistiu nas últimas semanas na adoção de cédulas de papel para as eleições de 2022, com base em alegações não comprovadas de fraude no sistema de votação eletrônica do Brasil.
Ele ameaçou não aceitar os resultados da eleição presidencial do próximo ano, que as pesquisas mostram que ele perdeu para o ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva. Nenhum dos dois anunciou oficialmente sua candidatura.
Ladeado pelos comandantes das Forças Armadas, Bolsonaro ficou do lado de fora do palácio presidencial do Planalto enquanto o desfile militar passava. Um oficial da Marinha com equipamento de combate subiu a rampa para entregar-lhe o convite.
A visão dos tanques no palácio presidencial inquietou os brasileiros que viveram na ditadura militar de 1964-1985.
O legislador Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, considerou a parada militar antes de uma grande votação uma “coincidência trágica” e não aceitou o convite para participar do exercício das Forças Armadas.
Outros legisladores disseram que a incomum presença militar em frente ao palácio presidencial tinha o objetivo de intimidá-los.
“Tanques na rua, justamente no dia da votação da emenda do boletim de voto, é uma intimidação real, clara e inconstitucional”, disse a senadora Simone Tebet, do partido de centro do Movimento Democrático Brasileiro, às redes sociais.
“Bolsonaro transformou um exercício de treinamento militar em um espetáculo político”, disse a congressista de esquerda Perpétua Almeida, chamando-o de demonstração de força em reação à queda nas pesquisas. “Esse tiro vai sair pela culatra”, ela tuitou.
(Reportagem de Anthony Boadle Reportagem adicional de Maria Carolina MarcelloEditing de Brad Haynes, Angus MacSwan e Leslie Adler)
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Tanques da Marinha do Brasil passam em frente ao palácio presidencial do Planalto durante desfile militar em Brasília, Brasil, 10 de agosto de 2021. REUTERS / Adriano Machado
11 de agosto de 2021
Por Anthony Boadle
BRASÍLIA (Reuters) – A Câmara dos Deputados do Brasil votou contra um plano do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro para alterar o sistema de votação do país na terça-feira, apesar de uma exibição incomum de equipamentos militares pelas Forças Armadas.
Políticos de todos os matizes consideraram o desfile de tanques da Marinha, veículos blindados e veículos anfíbios uma forma de intimidação horas antes de os legisladores votarem em uma emenda constitucional apoiada por Bolsonaro.
A Câmara dos Deputados do Brasil rejeitou a proposta com 229 votos a favor, 218 contra e 1 abstenção, com dezenas de parlamentares ausentes. A votação caiu 79 votos abaixo da maioria de três quintos necessária para aprovar uma emenda constitucional.
A Marinha disse que o desfile foi planejado muito antes da votação na Câmara dos Deputados ser marcada e tinha como objetivo convidar o presidente para um exercício militar anual no domingo.
A assessoria de imprensa do presidente não respondeu a um pedido de comentários sobre o desfile.
Com sua popularidade diminuindo em meio ao segundo surto de COVID-19 mais letal do mundo, Bolsonaro insistiu nas últimas semanas na adoção de cédulas de papel para as eleições de 2022, com base em alegações não comprovadas de fraude no sistema de votação eletrônica do Brasil.
Ele ameaçou não aceitar os resultados da eleição presidencial do próximo ano, que as pesquisas mostram que ele perdeu para o ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva. Nenhum dos dois anunciou oficialmente sua candidatura.
Ladeado pelos comandantes das Forças Armadas, Bolsonaro ficou do lado de fora do palácio presidencial do Planalto enquanto o desfile militar passava. Um oficial da Marinha com equipamento de combate subiu a rampa para entregar-lhe o convite.
A visão dos tanques no palácio presidencial inquietou os brasileiros que viveram na ditadura militar de 1964-1985.
O legislador Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, considerou a parada militar antes de uma grande votação uma “coincidência trágica” e não aceitou o convite para participar do exercício das Forças Armadas.
Outros legisladores disseram que a incomum presença militar em frente ao palácio presidencial tinha o objetivo de intimidá-los.
“Tanques na rua, justamente no dia da votação da emenda do boletim de voto, é uma intimidação real, clara e inconstitucional”, disse a senadora Simone Tebet, do partido de centro do Movimento Democrático Brasileiro, às redes sociais.
“Bolsonaro transformou um exercício de treinamento militar em um espetáculo político”, disse a congressista de esquerda Perpétua Almeida, chamando-o de demonstração de força em reação à queda nas pesquisas. “Esse tiro vai sair pela culatra”, ela tuitou.
(Reportagem de Anthony Boadle Reportagem adicional de Maria Carolina MarcelloEditing de Brad Haynes, Angus MacSwan e Leslie Adler)
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