Soldados brasileiros apoiados pela polícia desmantelaram um acampamento de apoiadores do ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro na capital na segunda-feira, um dia depois que manifestantes lançaram o pior ataque a instituições estatais desde o retorno do país à democracia na década de 1980.
Depois que milhares de apoiadores de Bolsonaro invadiram o Congresso, a Suprema Corte e o palácio presidencial no domingo, a polícia em equipamento anti-motim se reuniu no acampamento pró-Bolsonaro fora do quartel-general do Exército de Brasília, enquanto as tropas desmontavam tendas, disseram testemunhas da Reuters. Os manifestantes foram dispersos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, rival de esquerda de Bolsonaro que assumiu o cargo em 1º de janeiro após uma vitória apertada nas eleições de outubro, prometeu levar os responsáveis pela violência à justiça, depois que manifestantes quebraram janelas e móveis, destruíram obras de arte e roubaram armas e artefatos .
Lula, que estava de volta ao trabalho no palácio presidencial do Planalto, se reuniu com seu ministro da Defesa e os comandantes das Forças Armadas para discutir os ataques que lembraram o assalto ao Capitólio dos Estados Unidos há dois anos por partidários do ex-presidente Donald Trump.
O presidente dos EUA, Joe Biden, juntou-se a outros líderes mundiais ao condenar os distúrbios de domingo, chamando-os de “ultrajantes”, enquanto Bolsonaro, que agora está na Flórida, negou incitar seus apoiadores e disse que os manifestantes “passaram dos limites”.
Bolsonaro foi internado em um hospital na Flórida na segunda-feira, disse uma fonte próxima à sua família, acrescentando que sua condição “não é preocupante”.
Os caminhoneiros pró-Bolsonaro, que há semanas causam estragos nas rodovias brasileiras, realizaram mais protestos durante a noite.
Um operador da rodovia BR 163, que corta o estado do Mato Grosso, principal produtor de grãos do Brasil, relatou vários bloqueios que foram liberados ao amanhecer. A polícia disse que os bloqueios em outra rodovia no estado do Paraná também foram removidos.
“Ainda há pessoas tentando bloquear estradas e acesso a refinarias de petróleo”, disse o porta-voz da Presidência, Paulo Pimenta, a repórteres. A estatal petrolífera Petrobras disse que suas operações de refinaria e abastecimento de combustível não foram afetados.
O ministro do Supremo Tribunal Alexandre de Moraes ordenou que o governador de Brasília seja afastado do cargo na noite de domingo por 90 dias por supostas falhas de segurança e exigiu que as plataformas de mídia social Facebook, Twitter e TikTok bloqueiem contas de usuários que espalham propaganda antidemocrática.
A Meta, controladora do Facebook, disse na segunda-feira que estava removendo o conteúdo que apoiava ou elogiava as ações do fim de semana. Telegram, TikTok, Twitter e YouTube não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.
Os mercados financeiros do Brasil mantiveram-se estáveis, com o índice de ações de referência da Bovespa subindo nas negociações da tarde. Alguns analistas disseram que a violência de domingo pode fortalecer Lula politicamente e impactar a política na maior economia da América Latina.
ASSALTO ‘FASCISTA’
Lula, ex-sindicalista que também foi presidente de 2003 a 2010, disse que a polícia militarizada local, subordinada ao governador de Brasília, Ibaneis Rocha, ex-aliado de Bolsonaro, nada fez para impedir o avanço dos manifestantes.
Lula decretou intervenção federal da segurança pública na capital e prometeu punição exemplar para os líderes do ataque “fascista” que, segundo ele, visava provocar um golpe militar que pudesse devolver Bolsonaro ao poder.
“Todas as pessoas que fizeram isso serão encontradas e punidas”, disse Lula, falando do estado de São Paulo, a repórteres na noite de domingo.
Ele culpou Bolsonaro, cujos quatro anos no poder foram marcados pelo populismo nacionalista divisivo, por inflamar seus apoiadores após uma campanha de acusações infundadas sobre fraude eleitoral.
Da Flórida, para onde Bolsonaro voou 48 horas antes do término de seu mandato, o ex-presidente rejeitou a acusação. Ele disse no Twitter que as manifestações pacíficas eram democráticas, mas a invasão de prédios do governo “ultrapassou os limites”.
O ataque levantou dúvidas entre os aliados de Lula sobre como as forças de segurança da capital estavam tão despreparadas para os manifestantes que discutiam seus planos nas redes sociais há dias.
A ocupação dos prédios do governo vinha sendo planejada há pelo menos duas semanas por apoiadores de Bolsonaro em grupos em plataformas de mensagens como Telegram e Twitter, mas não houve nenhuma movimentação das forças de segurança para impedir o ataque, chamado por um grupo de “apreensão de poder do povo”.
A polícia retomou os prédios públicos danificados na capital futurista depois de três horas e dispersou a multidão com gás lacrimogêneo.
O ministro da Justiça, Flavio Dino, disse que 200 manifestantes foram presos, embora esse número deva aumentar.
Dino disse que as investigações visam descobrir quem financiou as várias centenas de ônibus que trouxeram apoiadores de Bolsonaro a Brasília e questionar o governador suspenso de Brasília.
Bolsonaro enfrenta riscos legais de várias investigações no Supremo Tribunal Federal e seu futuro nos Estados Unidos, onde viajou com visto emitido para chefes de estado, diplomatas e outros funcionários do governo, está em questão.
“Bolsonaro não deveria estar na Flórida”, disse o deputado Joaquin Castro, legislador democrata no Congresso dos EUA, à CNN. “Os Estados Unidos não deveriam ser um refúgio para esse autoritário que inspirou o terrorismo doméstico no Brasil. Ele deveria ser mandado de volta para o Brasil.”
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(Esta história não foi editada pela equipe do News18 e foi publicada a partir de um feed de agência de notícias sindicalizado)
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