O aclamado cineasta iraniano Jafar Panahi foi libertado sob fiança após iniciar uma greve de fome para protestar contra sua detenção de quase sete meses, disseram apoiadores nesta sexta-feira.
O diretor, vencedor de todos os grandes festivais de cinema europeus, havia sido preso meses antes do início dos atuais protestos contra o regime. Mas sua prisão se tornou um símbolo da situação dos artistas que se manifestam contra as autoridades.
Panahi foi libertado da prisão de Evin, em Teerã, “dois dias depois de iniciar sua greve de fome pela liberdade”, disse o Centro de Direitos Humanos no Irã (CHRI), com sede nos EUA, no Twitter, enquanto o jornal reformista iraniano Shargh publicou uma imagem de Panahi abraçando com júbilo um apoiador depois de ser libertado sob fiança.
Sua esposa Tahereh Saeedi postou uma foto no Instagram de Panahi sendo conduzido da prisão em um veículo.
O diretor do Festival de Cinema de Cannes, Thierry Fremaux, expressou “grande alívio” com a notícia de sua libertação.
“Não nos esquecemos de todos aqueles, no Irã e no mundo, que estão sujeitos à violência e à repressão”, disse ele à AFP. “O Festival de Cinema de Cannes sempre estará ao lado de artistas de todo o mundo em defesa da liberdade”.
‘Preso no Irã’
O diretor premiado foi preso em julho e fez uma greve de fome seca na quarta-feira para protestar contra sua detenção contínua.
“O senhor Panahi foi temporariamente libertado da prisão de Evin com os esforços de sua família, advogados respeitados e representantes do cinema”, disse a House of Cinema do Irã, que reúne profissionais da indústria, em um comunicado.
O anúncio de que Panahi estava em greve de fome provocou uma onda de preocupação em todo o mundo sobre o diretor, que ganhou prêmios em todos os três principais festivais de cinema da Europa.
“Hoje, como muitas pessoas presas no Irã, não tenho escolha a não ser protestar contra esse comportamento desumano com meu bem mais querido – minha vida”, disse Panahi no comunicado publicado por sua esposa.
“Permanecerei neste estado até que talvez meu corpo sem vida seja libertado da prisão”, disse ele.
‘Alívio e alegria’
Panahi, de 62 anos, foi preso em 11 de julho e deveria cumprir uma sentença de seis anos de prisão proferida em 2010 após sua condenação por “propaganda contra o sistema”.
Em 15 de outubro, a Suprema Corte anulou a condenação e ordenou um novo julgamento, aumentando a esperança de sua equipe jurídica de que ele pudesse ser libertado, mas ele permaneceu na prisão.
Panahi ganhou o Leão de Ouro no Festival de Cinema de Veneza em 2000 por seu filme “O Círculo”. Em 2015, ganhou o Urso de Ouro em Berlim por “Taxi Tehran” e, em 2018, ganhou o prêmio de melhor roteiro em Cannes por “ Três Caras”.
O último filme de Panahi, “No Bears”, que como muitos de seus trabalhos recentes é estrelado pelo próprio diretor, foi exibido no Festival de Cinema de Veneza de 2022, quando o diretor já estava atrás das grades. Ganhou o Prêmio Especial do Júri.
“É extraordinário, um alívio, uma alegria total. Expressamos nossa gratidão a todos aqueles que se mobilizaram ontem”, disse à AFP sua distribuidora francesa, a produtora Michele Halberstadt.
“Sua próxima luta é ter o cancelamento de sua sentença oficialmente reconhecido. Ele está lá fora, está livre e isso já é ótimo.”
A prisão de Panahi em julho ocorreu depois que ele compareceu a uma audiência no tribunal do colega diretor de cinema Mohammad Rasoulof, que havia sido detido alguns dias antes.
Rasoulof foi libertado da prisão em 7 de janeiro após receber uma licença de duas semanas por motivos de saúde e ainda acredita-se que esteja fora da prisão.
Figuras do cinema estão entre as milhares de pessoas presas pelo Irã em sua repressão aos protestos desencadeados pela morte em 16 de setembro sob custódia de Mahsa Amini, 22, que havia sido presa por supostamente violar seu rigoroso código de vestimenta para mulheres.
A estrela Taraneh Alidoosti, que publicou imagens de si mesma sem usar o lenço islâmico, estava entre os detidos, embora tenha sido libertada no início de janeiro, depois de ficar detida por quase três semanas.
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(Esta história não foi editada pela equipe do News18 e foi publicada a partir de um feed de agência de notícias sindicalizado)
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