O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, visitou na segunda-feira uma região de resort transformada em zona de desastre, onde chuvas torrenciais mataram pelo menos 40 pessoas no momento do famoso carnaval do país, com dezenas de desaparecidos.
Equipes de resgate estavam correndo para encontrar sobreviventes enterrados sob a lama e os escombros após 24 horas de chuva recorde no fim de semana, provocando inundações violentas e deslizamentos de terra que devastaram a área ao redor da popular cidade litorânea de São Sebastião, cerca de 200 quilômetros (120 milhas) a sudeste de São Paulo.
Enquanto as equipes de emergência limpavam lentamente as estradas de pedregulhos e lama que cortavam o acesso à região, os moradores contaram aos jornalistas histórias angustiantes de perda de quase tudo para o esmagamento de terra e enchentes no domingo ao amanhecer.
“Ouvimos um barulho assustador de árvores caindo e vidros quebrando. A água entrou pela janela do banheiro, explodiu”, disse Vanesa Cristina Caetano à AFP no bairro praiano de Juquehy, em São Sebastião.
“Ouvimos a água caindo, junto com muitas árvores e pedras. Quase varreu a casa. Acabamos com água nos ombros”, disse a empregada doméstica de 41 anos, que conseguiu fugir com o marido e dois filhos.
Alguns contaram como famílias inteiras cavaram freneticamente entre os escombros para resgatar parentes presos, enquanto outros contaram como perderam suas casas e tudo o que havia dentro.
“Estou tão desorientado que nem sei o que fazer. Perdi tudo”, disse Patrícia da Silva, uma empregada doméstica de 31 anos.
“Tudo foi enterrado. Não conseguimos salvar nada…. Estou feliz por ter conseguido sair com meus filhos”, disse ela, de 9 e 15 anos.
favelas empobrecidas
Lula prometeu o apoio do governo federal aos esforços de reconstrução e fez um apelo para que pare de construir em áreas baixas e encostas vulneráveis a esses desastres, que são frequentes no Brasil.
“É importante que as pessoas não construam mais casas em lugares que podem ser vítimas de mais chuvas e deslizamentos de terra que ceifam ainda mais vidas”, disse o líder esquerdista de 77 anos, que assumiu o cargo para um terceiro mandato no mês passado.
Estima-se que 9,5 milhões dos 215 milhões de habitantes do Brasil vivam em áreas com alto risco de inundações ou deslizamentos de terra – geralmente favelas empobrecidas.
Lula fez os comentários em uma entrevista coletiva em São Sebastião, uma cidade de cerca de 90.000 habitantes, depois de sobrevoar a área, onde imagens aéreas mostraram águas marrons engolfando casas no interior das águas esmeraldas do litoral intocado da região.
O governo do estado de São Paulo disse que o número de mortos chegou a 40, com 39 pessoas mortas em São Sebastião e uma menina morta na cidade de Ubatuba, no litoral. Mas há temores de que o número aumente.
“Cerca de 40 pessoas ainda não foram localizadas”, disse à CNN Brasil a funcionária do departamento de resgate de São Paulo, Michelle Cesar.
Em meio à perda e destruição, as autoridades disseram que um menino de dois anos foi resgatado de um mar de lama, assim como uma mulher que estava dando à luz.
Mais de 1.700 pessoas foram evacuadas, enquanto 766 perderam suas casas, disseram as autoridades.
Tragédia de férias
O desastre ocorreu no momento em que o Brasil comemorava o fim de semana do carnaval, que atrai um grande número de turistas a São Sebastião e arredores.
As autoridades disseram que chuvas recordes despejaram 600 milímetros (quase 24 polegadas) de água em São Sebastião em 24 horas, mais que o dobro da quantidade normal para todo o mês de fevereiro.
Cerca de 500 socorristas, soldados e policiais estavam trabalhando no resgate, mobilizando helicópteros, aviões e maquinário pesado, disse o governo do estado.
O governador Tarcísio de Freitas, que se encontrou com Lula no local, declarou estado de emergência em cinco municípios do litoral e liberou o equivalente a US$ 1,5 milhão para operações de resgate.
Os eventos de carnaval em São Sebastião e outras cidades da região foram cancelados.
O Instituto Nacional de Meteorologia emitiu um alerta para mais chuvas fortes na região na segunda-feira.
O Brasil foi atingido por uma série de desastres relacionados ao clima nos últimos anos que, segundo especialistas, provavelmente estão sendo agravados pelas mudanças climáticas.
A última tragédia ocorreu quase exatamente um ano depois que chuvas torrenciais e deslizamentos de terra na cidade de Petrópolis, no sudeste do país, mataram mais de 230 pessoas.
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(Esta história não foi editada pela equipe do News18 e foi publicada a partir de um feed de agência de notícias sindicalizado)
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