O governo sem dinheiro do Paquistão divulgou um orçamento de 14,5 trilhões de rúpias (cerca de US$ 50,5 bilhões) na sexta-feira, com mais da metade reservada para o serviço de uma dívida de 7,3 trilhões de rúpias.
A economia do Paquistão foi atingida por uma crise de balanço de pagamentos enquanto tenta pagar a dívida externa incapacitante, enquanto meses de caos político afugentaram potenciais investimentos estrangeiros.
A inflação disparou, a rupia despencou e o país não pode mais arcar com as importações, causando um forte declínio na produção industrial.
Cerca de 950 bilhões de rúpias foram destinados a projetos de desenvolvimento para ganhar votos antes das eleições gerais deste ano, enquanto outras medidas populistas incluem aumentos de até 35% nos salários do funcionalismo público e um aumento de 17,5% nas pensões do estado.
Ao apresentar o orçamento à Assembleia Nacional na sexta-feira, o ministro das Finanças, Ishaq Dar, insistiu que as metas foram prudentes.
“Em breve haverá eleições gerais no país, mas, apesar disso, o orçamento do próximo ano fiscal é preparado como um orçamento responsável em vez de um orçamento eleitoral”, disse ele.
O primeiro-ministro Shehbaz Sharif culpou seu antecessor Imran Khan – deposto por um voto de desconfiança em abril do ano passado – pelo pântano.
“Nosso governo anterior golpeou a economia”, disse ele.
– Pobre sendo ‘humilhado’ –
Akhtar Khan Nawaz, trabalhador de um mercado de frutas e vegetais na capital Islamabad, disse que “os pobres estavam sendo humilhados”.
“(O orçamento) não servirá para nada se a inflação não for reduzida, os pobres só terão alívio se a inflação for aliviada”, disse à AFP.
Sharif disse estar otimista com uma prorrogação no final deste mês de uma linha de empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI), crucial para manter a economia à tona.
“O chefe do FMI deu seu compromisso verbal… não há impedimento”, disse ele.
O FMI disse ao Paquistão que precisa garantir financiamento externo adicional, descartar uma série de subsídios populistas e permitir que a rupia flutue livremente em relação ao dólar antes de desbloquear outra parcela do mecanismo de US$ 6,5 bilhões.
Ainda assim, o último orçamento reserva 1,07 trilhão de rúpias para subsídios.
“O governo definitivamente tem que tomar decisões tão populares como é o ano eleitoral”, disse Nasir Iqbal, economista do Instituto de Desenvolvimento Econômico do Paquistão (PIDE).
O país não conseguiu cumprir nenhuma meta de crescimento econômico para o ano fiscal de 2022-23, de acordo com um importante relatório do governo divulgado na quinta-feira, com crescimento do PIB de 0,3 por cento.
Dar disse na sexta-feira que o último orçamento foi baseado no crescimento do PIB de 3,5%, embora o Banco Mundial tenha projetado um crescimento menos ambicioso de 2% em um relatório divulgado no início desta semana.
Ele também tinha uma previsão de inflação anual de 21%, contra uma taxa anual atual de 37,97%.
A economia também foi devastada por enchentes recordes de monções no ano passado, que deixaram quase um terço do país debaixo d’água, devastando vastas áreas de terras agrícolas e deixando dezenas de milhões de desabrigados.
Mas a crise política continua sendo o maior fator de risco nos próximos meses.
A campanha extremamente popular do ex-primeiro-ministro Khan para retornar ao cargo se transformou em violência nas ruas após sua breve prisão no mês passado, levando a uma repressão massiva contra seu partido, incluindo prisões em massa e julgamentos agendados para tribunais militares.
O exército exerce influência indevida sobre a política do Paquistão, tendo realizado pelo menos três golpes bem-sucedidos que levaram a décadas de lei marcial.
Os ataques de militantes também aumentaram desde que o Talibã assumiu o controle do vizinho Afeganistão, minando ainda mais a perspectiva de investimento estrangeiro.
Na sexta-feira, Dar destinou 1,8 trilhão de rúpias para gastos com defesa – acima dos 1,5 trilhão de rúpias do ano passado.
(Esta história não foi editada pela equipe do News18 e foi publicada a partir de um feed de agência de notícias sindicalizado – AFP)
Discussão sobre isso post