O que o presidente Joe Biden tem a dizer sobre Donald Trump? A partida de golfe nas telas de televisão do Força Aérea Um no dia do indiciamento de Trump deixou claro: nada.
Com seu principal adversário em 2024 devendo no tribunal na terça-feira enfrentar acusações sem precedentes para um ex-presidente de obstrução da justiça e acúmulo ilegal de documentos ultrassecretos, Biden se encontra em uma posição politicamente precária.
Afinal, é um Departamento de Justiça chefiado por um homem que ele nomeou, o procurador-geral Merrick Garland, que supervisionará o julgamento de um oponente.
Diga qualquer coisa – até mesmo expresse interesse – no destino do ex-presidente de extrema direita, e Biden alimentará o fogo já aceso entre os republicanos que acreditam na teoria da conspiração de Trump de que ele é vítima de alguma perseguição do “estado profundo”.
Daí a mudança de televisores para o Golf Channel no Air Force One durante uma viagem presidencial à Carolina do Norte na sexta-feira – não a CNN usual, zumbindo naquele dia com imagens, reportagens, comentários e chyrons frenéticos sobre a acusação recém-revelada.
Questionado sobre o caso por repórteres que viajavam no avião, a resposta de Biden foi um enfático “sem comentários”.
Questionado se havia falado com Garland, Biden também disse que não.
“E eu não tenho nenhum comentário sobre isso.”
Segundo um costume antigo, o Departamento de Justiça é independente da Casa Branca. Adicionando mais um afastamento da política, o homem que está processando Trump, Jack Smith, é um advogado especial que opera em uma espécie de ilha jurídica própria.
Mas em um Estados Unidos onde republicanos e democratas perderam a confiança um no outro e onde o líder republicano, Trump, construiu sua campanha eleitoral com a mentira de que Biden não o venceu em 2020, tais acordos de cavalheiros contam de pouco.
Daí a estratégia de Biden de ficar longe do maior desenvolvimento político do país – e do homem que ele provavelmente terá que vencer para ganhar um segundo mandato no ano que vem.
“Acho que o comportamento do presidente Biden até agora foi perfeitamente apropriado”, disse Carl Tobias, professor de direito da Universidade de Richmond.
“O procurador especial não teve nenhum contato com Garland ou Biden neste caso desde que ele foi nomeado. Biden deve continuar a resistir a fazer qualquer comentário público sobre o caso. Como presidente, ele deve deixar essa tarefa para outros e permitir que o conselho especial processe o caso.”
– Lábios caídos? –
Um problema com a estratégia de silêncio de Biden é que Biden tem a tendência de dizer coisas que muitos, inclusive sua equipe nervosa, acham que ele não deveria.
Houve uma época no ano passado em que um apaixonado Biden, referindo-se ao presidente Vladimir Putin e sua sangrenta invasão da vizinha Ucrânia, disse: “Pelo amor de Deus, este homem não pode permanecer no poder”.
A Casa Branca deixou claro depois que não era política dos EUA remover Putin.
Depois, há as várias ocasiões em que Biden foi além das declarações públicas padrão dos EUA sobre o compromisso de defender Taiwan do ataque chinês – trovões geopolíticos rotineiramente seguidos pela Casa Branca com garantias de que nada mudou.
Manter silêncio no rádio sobre o escândalo Trump pode ficar exponencialmente mais difícil à medida que a campanha se desenvolve.
É possível que o republicano esteja sendo julgado no auge da temporada eleitoral do ano que vem, tornando o assunto quase impossível de evitar – especialmente quando Trump transforma seu julgamento em um veículo para prejudicar as teorias da conspiração sobre o suposto abuso de poder da Casa Branca.
A cientista política e autora de um livro sobre a presidência Lara Brown disse que Biden está fazendo a coisa certa – e que tentar resolver o problema seria, de qualquer forma, inútil.
“Nada de bom pode vir dele falando publicamente sobre o assunto. O processo legal vai se desenrolar nos próximos meses e quaisquer resultados que surjam serão declarações suficientes”, disse ela.
“Os apoiadores de Trump não gostam e desconfiam de Biden. Caramba, muitos até não conseguem acreditar que ele é o presidente legítimo.
“E não há nada que possa ser dito por qualquer democrata, muito menos pelo presidente Biden para convencê-los de que o Departamento de Justiça está agindo no interesse do estado de direito e do povo americano”.
(Esta história não foi editada pela equipe do News18 e foi publicada a partir de um feed de agência de notícias sindicalizado – AFP)
Discussão sobre isso post