Um dos sete juízes do julgamento de abuso de poder de Jair Bolsonaro votou na terça-feira para impedir o ex-presidente brasileiro de concorrer às eleições de 2026, enquanto o país esperava que outros juízes proferissem suas decisões ainda esta semana.
O Tribunal Superior Eleitoral está julgando o ex-líder de extrema direita por causa de uma reunião televisionada que ele teve com diplomatas estrangeiros em julho de 2022 – três meses antes de sua derrota eleitoral para o esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva – na qual Bolsonaro fez alegações não comprovadas de falhas de segurança no Brasil. sistema de votação eletrônica.
Falando após sua votação na noite de terça-feira, o juiz Benedito Gonçalves disse que Bolsonaro havia recorrido a “discursos violentos e mentiras” que “colocavam em risco a credibilidade da justiça eleitoral”.
Se for considerado culpado, Bolsonaro pode ser afastado da votação de 2026.
O julgamento foi retomado na terça-feira e os sete juízes do tribunal deveriam proferir suas decisões, um por um. Como juiz titular do caso, Gonçalves foi o primeiro a votar.
Pessoas de dentro dizem que o tribunal quase certamente condenará Bolsonaro, que faltou à primeira sessão do julgamento em Brasília na semana passada para se encontrar com apoiadores e participar de eventos na cidade de Porto Alegre, no sul do país.
“Todo mundo está dizendo que vou ser considerado inelegível” para concorrer ao cargo, reconheceu Bolsonaro em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.
“Não vou perder a esperança… vou continuar fazendo a minha parte”, acrescentou o ex-presidente de 68 anos, que continua sendo uma força poderosa – embora divisiva – no Brasil.
Bolsonaro enfrenta uma proibição de oito anos de concorrer a cargos públicos se for considerado culpado das acusações de abuso de poder e uso indevido da mídia estatal.
Uma terceira data do tribunal havia sido marcada para quinta-feira se os juízes não terminassem de proferir suas decisões, e o caso poderia ser estendido por mais tempo.
“Bolsonaro aguarda a decisão com respeito”, disse o advogado do ex-líder, Tarcisio Vieira, a repórteres antes de entrar no tribunal.
Ele disse que as evidências eram “frágeis para uma sanção dessa magnitude”.
Mais cedo, o advogado de Bolsonaro disse que, se necessário, recorreria ao Supremo.
‘Falsa impressão’
Na reunião de julho de 2022, Bolsonaro passou quase uma hora argumentando para os embaixadores reunidos, munido de uma apresentação em PowerPoint, mas sem evidências concretas para apoiar sua afirmação de que as urnas eletrônicas que o Brasil usa desde 1996 comprometeram a transparência das eleições.
Os opositores dizem que o evento violou a lei eleitoral, uma vez que foi organizado com recursos do Estado, realizado na residência presidencial oficial e transmitido ao vivo pela TV pública em meio à polarizadora campanha eleitoral.
O briefing “visava dar a falsa impressão de que o processo de votação era obscuro, manipulado para manipular os resultados e conceder uma vitória fraudulenta ao (seu) adversário”, disse o procurador Paulo Gonet Branco na audiência de abertura da semana passada.
Ele vinculou as declarações do ex-presidente ao tumulto pós-eleitoral, quando partidários de Bolsonaro invadiram o palácio presidencial, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal em 8 de janeiro, uma semana após a posse de Lula.
O advogado de Bolsonaro, Tarcísio Vieira, rejeitou as acusações.
Tanto a conversa infundada de Bolsonaro sobre fraude eleitoral quanto os distúrbios de 8 de janeiro geraram comparações generalizadas com seu modelo político, Donald Trump, e a tentativa deste último de se manter no poder após sua derrota nas eleições presidenciais de 2020 nos EUA.
Bolsonaro, que passou três meses nos Estados Unidos após o término de seu mandato, manteve uma discrição incomum desde que voltou ao Brasil em março para servir como presidente honorário de seu Partido Liberal.
Ele enfrenta uma série de outros problemas legais, desde cinco investigações da Suprema Corte que podem mandá-lo para a prisão – inclusive sobre os ataques de 8 de janeiro – a investigações policiais sobre alegações de um certificado de vacinação contra a Covid-19 falsificado e joias de diamantes trazidas da Arábia Saudita para o país. Arábia.
(Esta história não foi editada pela equipe do News18 e foi publicada a partir de um feed de agência de notícias sindicalizado – AFP)
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