O primeiro-ministro da China disse na quarta-feira que as grandes potências devem opor-se a uma nova Guerra Fria, numa referência velada a Washington, num momento em que altos responsáveis asiáticos e norte-americanos se reuniam para conversações na Indonésia. Pequim expressou preocupação com a formação de blocos apoiados pelos EUA à sua porta, enquanto enfrenta disputas com outras potências da região sobre o Mar do Sul da China e outras questões.
“Podem surgir desacordos e disputas entre países devido a percepções erradas, interesses divergentes ou interferências externas”, disse Li Qiang no início de uma reunião da ASEAN mais três com o Japão e a Coreia do Sul em Jacarta. O essencial agora é opor-se à escolha de lados, opor-se ao confronto do bloco e opor-se a uma nova Guerra Fria.”
A Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), composta por 10 membros, está a realizar cimeiras separadas com a China, o Japão, a Coreia do Sul, os Estados Unidos e o Canadá, proporcionando uma arena para as grandes potências fazerem lobby no bloco e as suas rivalidades se manifestarem.
A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, estará presente no lugar do presidente Joe Biden, enquanto Li estará presente no lugar do presidente Xi Jinping. As reuniões de quarta-feira acontecem antes de uma Cúpula de 18 membros do Leste Asiático, na quinta-feira, que contará com a presença do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, onde se espera que questões geopolíticas mais amplas estejam no topo da agenda.
A embaixada russa na Indonésia publicou uma imagem de Lavrov chegando a Jacarta na quarta-feira. “O vice-presidente irá sublinhar o compromisso duradouro dos Estados Unidos com o Indo-Pacífico em geral e com a centralidade da ASEAN especificamente”, disse o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, aos jornalistas na terça-feira, usando outro termo para a região Ásia-Pacífico.
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, e o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, participarão dos dois dias de reuniões.
– ‘minar a paz’ -
Yoon teria dito aos líderes da ASEAN que não deveria haver cooperação com a Coreia do Norte, que os Estados Unidos disseram esta semana que está mantendo negociações sobre armas com a Rússia. “Quaisquer tentativas de forjar cooperação militar com a Coreia do Norte, que está a agir para minar a paz na comunidade internacional, devem ser imediatamente interrompidas”, disse Yoon, citado por um responsável presidencial, numa reunião da ASEAN, segundo a agência de notícias Yonhap.
Kishida e Yoon encontraram-se com Li, e espera-se que a disputa entre a China e o Japão sobre a liberação de águas residuais tratadas da usina nuclear danificada de Fukushima seja proeminente.
A anfitriã Indonésia disse numa cimeira de líderes da ASEAN na terça-feira que o bloco não se tornaria um proxy para a competição entre grandes potências, à medida que as tensões EUA-China continuam a aumentar sobre Taiwan, o Mar do Sul da China e a invasão da Ucrânia pela Rússia.
A mesa redonda envolvendo Lavrov e Harris será o primeiro encontro de alto nível EUA-Rússia desde uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros em Jacarta, em Julho, onde autoridades norte-americanas e europeias abordaram o principal diplomata de Moscovo sobre o conflito na Ucrânia.
Um diplomata do Sudeste Asiático presente nas reuniões de quarta-feira disse à AFP que elas terminariam com declarações conjuntas sobre uma colaboração diplomática, económica e de segurança alimentar mais estreita entre as potências e a ASEAN.
Os líderes da ASEAN sediarão cúpulas na quinta-feira com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, e o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres. Albanese disse num fórum regional em Jacarta na quarta-feira que Camberra procura um envolvimento e laços económicos mais estreitos com as nações do Sudeste Asiático.
– ‘Consequências mais graves’ –
Mianmar também será uma questão importante nas cimeiras com a China – um importante aliado diplomático da junta na antiga Birmânia. Os líderes do Sudeste Asiático condenaram veementemente a violência e os ataques contra civis em Mianmar na terça-feira, culpando diretamente a junta.
A China também incomodou vários membros da ASEAN na semana passada, quando divulgou um novo mapa oficial reivindicando a soberania sobre a maior parte do Mar do Sul da China. Provocou fortes repreensões em toda a região, incluindo Malásia, Vietname e Filipinas.
O Japão disse na terça-feira que apresentou um “forte protesto” contra Pequim por causa do mapa e pediu sua retratação, disse o porta-voz do governo, Hirokazu Matsuno, em um briefing. O diplomata do Sudeste Asiático que falou à AFP disse que as declarações conjuntas das reuniões “conterão referências a o Mar da China Meridional e Mianmar”.
Os líderes deveriam expressar preocupação com “recuperação de terras, atividades, incidentes graves” no disputado Mar do Sul da China, de acordo com um projeto de declaração do presidente da ASEAN, visto pela AFP, a ser divulgado esta semana. Li para evitar irritar Pequim.
“Prevejo que os líderes evitarão discutir questões de confronto, como o novo mapa da China”, disse à AFP Aleksius Jemadu, especialista em relações exteriores da Universidade Pelita Harapan, na Indonésia.
(Esta história não foi editada pela equipe do News18 e é publicada no feed de uma agência de notícias sindicalizada – AFP)
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