O Exército Brasileiro decidiu punir o sargento que havia reclamado dos salários da Força em um show ao vivo promovido pelo ex-líder do governoJair Bolsonaro na Câmara, Major Vítor Hugo (PSL-GO).
É o primeiro episódio do gênero desde que o Exército não puniu o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde agora acomodado em cargo no Palácio do Planalto, por ter participado de ato político de apoio a Bolsonaro no dia 23 de maio.
A repercussão da medida, que o Exército apenas confirmou ter ocorrido sem especificar a data ou a natureza da punição, é vista pelas autoridades como um abacaxi a ser descascado.
A Força estava em um impasse: se não punisse o sargento por transgredir o Regimento Disciplinar do Exército, mais uma vez abriria o precedente da isenção de Pazuello.
Por outro lado, ao atuar contra um militar de escalão inferior, corria o risco de ver ainda maior insatisfação entre os escalões da corporação, principalmente pela natureza da reclamação do sargento.
No final, valeu a pena tentar retomar o controle disciplinar depois que o Bolsonaro obrigou o comandante Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que assumiu o cargo em abril, a perdoar Pazuello. Os generais costumam dizer que a situação era incomum, já que o ex-ministro é ativo e teria obedecido a uma intimação do presidente.
No dia 15 de maio, Luan Ferreira de Freitas Rocha entrou ao vivo no Instagram do deputado Vítor Hugo. Falando pausadamente e com reflexão, questionou o aumento do tempo de permanência de sargentos como ele no cargo, previsto na reforma da previdência militar aprovada em 2019.
Pelo texto, ele teria de ficar mais cinco anos no cargo. “Dez anos [na mesma função] é pesado ”, disse, ao que Vítor Hugo concordou.
Sua sugestão seria a criação de mais uma patente intermediária, visando reduzir os tempos de atendimento em cada nível hierárquico.
Rocha atua na 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada em Cascavel (PR). A Folha ela não o rastreou para entender que punição ele recebeu, pois o Exército não detalhou: de uma advertência verbal a 30 dias de prisão, tudo valeria para o caso dela.
O caso suscitou temores, expressos por políticos e ex-ministros da Defesa, de contaminação da tropa com pocketbookism. O atual presidente tornou-se capitão do Exército e foi punido, com prisão, por reclamar de salários no final da década de 1980.
Considerado indisciplinado pelos mesmos generais que mais tarde entraram em seu governo, ele também foi processado por um suposto complô para chamar a atenção para sua causa com bombardeios – foi absolvido, mas deixou o exército logo em seguida e iniciou sua carreira política.
Como vereador e, posteriormente, deputado, buscou defender as pautas salariais dos PMs e dos militares em geral, com viés sindical desaprovado no comando.
Com a aproximação do dia 7 de setembro e os golpes de Bolsonaro, que quer a destituição de dois ministros do STF, a punição para o sargento vem como um alerta sobre a disposição do Exército.
O Comandante Paulo Sérgio é, entre os três que comandam as Forças, o que mais se distancia do pocketbookism. Com o poder de fogo literal e virtual do Exército, qualquer ideia de golpe envolvendo uniformes no Brasil deve passar pela corporação.
Há duas semanas, o general já havia feito um discurso rejeitando ideias fora da Constituição, no Dia do Soldado. Isso não significa que não haja policiais em geral, ou pelo menos alinhados com o presidente em suas críticas ao Judiciário.
Por outro lado, há o temor da infiltração pocketnarista nos estratos inferiores da Polícia Militar, diretamente envolvida na segurança dos eventos da próxima terça-feira.
Foto: divulgação
(Aracaju Agora Notícias)
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O Exército Brasileiro decidiu punir o sargento que havia reclamado dos salários da Força em um show ao vivo promovido pelo ex-líder do governoJair Bolsonaro na Câmara, Major Vítor Hugo (PSL-GO).
É o primeiro episódio do gênero desde que o Exército não puniu o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde agora acomodado em cargo no Palácio do Planalto, por ter participado de ato político de apoio a Bolsonaro no dia 23 de maio.
A repercussão da medida, que o Exército apenas confirmou ter ocorrido sem especificar a data ou a natureza da punição, é vista pelas autoridades como um abacaxi a ser descascado.
A Força estava em um impasse: se não punisse o sargento por transgredir o Regimento Disciplinar do Exército, mais uma vez abriria o precedente da isenção de Pazuello.
Por outro lado, ao atuar contra um militar de escalão inferior, corria o risco de ver ainda maior insatisfação entre os escalões da corporação, principalmente pela natureza da reclamação do sargento.
No final, valeu a pena tentar retomar o controle disciplinar depois que o Bolsonaro obrigou o comandante Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que assumiu o cargo em abril, a perdoar Pazuello. Os generais costumam dizer que a situação era incomum, já que o ex-ministro é ativo e teria obedecido a uma intimação do presidente.
No dia 15 de maio, Luan Ferreira de Freitas Rocha entrou ao vivo no Instagram do deputado Vítor Hugo. Falando pausadamente e com reflexão, questionou o aumento do tempo de permanência de sargentos como ele no cargo, previsto na reforma da previdência militar aprovada em 2019.
Pelo texto, ele teria de ficar mais cinco anos no cargo. “Dez anos [na mesma função] é pesado ”, disse, ao que Vítor Hugo concordou.
Sua sugestão seria a criação de mais uma patente intermediária, visando reduzir os tempos de atendimento em cada nível hierárquico.
Rocha atua na 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada em Cascavel (PR). A Folha ela não o rastreou para entender que punição ele recebeu, pois o Exército não detalhou: de uma advertência verbal a 30 dias de prisão, tudo valeria para o caso dela.
O caso suscitou temores, expressos por políticos e ex-ministros da Defesa, de contaminação da tropa com pocketbookism. O atual presidente tornou-se capitão do Exército e foi punido, com prisão, por reclamar de salários no final da década de 1980.
Considerado indisciplinado pelos mesmos generais que mais tarde entraram em seu governo, ele também foi processado por um suposto complô para chamar a atenção para sua causa com bombardeios – foi absolvido, mas deixou o exército logo em seguida e iniciou sua carreira política.
Como vereador e, posteriormente, deputado, buscou defender as pautas salariais dos PMs e dos militares em geral, com viés sindical desaprovado no comando.
Com a aproximação do dia 7 de setembro e os golpes de Bolsonaro, que quer a destituição de dois ministros do STF, a punição para o sargento vem como um alerta sobre a disposição do Exército.
O Comandante Paulo Sérgio é, entre os três que comandam as Forças, o que mais se distancia do pocketbookism. Com o poder de fogo literal e virtual do Exército, qualquer ideia de golpe envolvendo uniformes no Brasil deve passar pela corporação.
Há duas semanas, o general já havia feito um discurso rejeitando ideias fora da Constituição, no Dia do Soldado. Isso não significa que não haja policiais em geral, ou pelo menos alinhados com o presidente em suas críticas ao Judiciário.
Por outro lado, há o temor da infiltração pocketnarista nos estratos inferiores da Polícia Militar, diretamente envolvida na segurança dos eventos da próxima terça-feira.
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