FOTO DE ARQUIVO: Um trabalhador inspeciona soja durante a colheita de soja perto da cidade de Campos Lindos, Brasil, 18 de fevereiro de 2018. Foto tirada em 18 de fevereiro de 2018. REUTERS / Ueslei Marcelino / Foto de arquivo
8 de outubro de 2021
Por ana mano
SÃO PAULO (Reuters) – A fabricante americana de pesticidas e sementes Corteva Inc vai demorar até três vezes mais para entrar no mercado brasileiro de sementes de soja geneticamente modificada do que nos Estados Unidos, onde as vendas da Corteva cresceram rapidamente nos últimos anos, disse a empresa.
A Corteva está lançando novas sementes de soja geneticamente modificada (OGM) no maior produtor de soja do Brasil, onde a rival Bayer AG desfrutou de um monopólio virtual desde o início do plantio de OGM no início dos anos 2000. A Bayer tem uma vasta rede de equipe de vendas e relacionamentos de longa data com agricultores, desenvolvedores de sementes e fabricantes no Brasil, relacionamentos que a Corteva está estabelecendo agora.
A adoção de safras geneticamente modificadas pelo Brasil ajudou o país a se tornar o maior vendedor mundial de soja usada para ração animal. Mas ervas daninhas e pragas se tornaram resistentes aos produtos químicos que essas plantações podem suportar.
Portanto, a Bayer e a Corteva estão se esforçando para converter os produtores brasileiros às suas variedades de sementes OGM de próxima geração, que podem tolerar os herbicidas mais novos. Em jogo estão bilhões de dólares em vendas anuais de sementes e herbicidas para o importante mercado brasileiro.
Além disso, as sementes que os agricultores brasileiros escolhem, ao desempenharem um papel no tamanho de suas safras, influenciarão a oferta e os preços mundiais das commodities das quais muitos países dependem para alimentar seu povo e gado. A soja já escasseia e os preços estão em alta há sete anos.
Bayer e Corteva não produzem sementes próprias no Brasil. Em vez disso, as empresas locais de melhoramento genético adaptam novas variedades ao mercado local para atender às condições locais de solo e clima – um processo que pode levar anos. Então, os produtores de sementes produzem sementes em massa para vender aos agricultores para o plantio.
“A adoção do sistema Enlist no Brasil vai demorar um pouco mais do que nos Estados Unidos”, disse Corteva por e-mail à Reuters, porque a quantidade de sementes no Brasil é limitada.
A empresa tinha amplas sementes Enlist E3, a tecnologia OGM que rapidamente decolou nos Estados Unidos, disponível para os agricultores dos EUA em 2019, quando Enlist recebeu as aprovações regulatórias dos EUA.
Corteva, desmembrada em 2019 após a fusão da Dow Chemical e Dupont, capturou 35% da área plantada de soja nos Estados Unidos com a Enlist em três anos.
No Brasil, a Corteva estimou que levará de cinco a 10 anos para atingir esse patamar.
A Corteva também está lançando uma semente de soja mais cara no Brasil, chamada Conkesta E3, mas Enlist é seu foco principal na campanha para ganhar participação de mercado da Bayer.
BAYER EDGE
O longo domínio da Bayer no mercado de sementes do Brasil lhe dá uma vantagem, pois apresenta um novo produto no Brasil ao mesmo tempo que Enlist e Conkesta estão entrando no mercado. A Bayer adquiriu a produtora de sementes Monsanto em 2016 e herdou o império químico e de sementes da Monsanto.
A Monsanto lançou a tecnologia de sementes de soja Intacta RR2 Pro no Brasil há sete anos. No ciclo 2020/2021, 80% da soja brasileira foi cultivada com Intacta.
Este ano, a Bayer está lançando sua linha de sementes Intacta2 Xtend no Brasil que resiste ao herbicida dicamba – um produto químico no qual a Bayer está apostando globalmente, à medida que as safras se tornam resistentes ao seu herbicida glifosato anterior.
A Bayer disse por e-mail que mais de 30 variedades de sementes foram desenvolvidas com a tecnologia Intacta2 Xtend para o mercado brasileiro. Isso dá uma vantagem sobre o Enlist da Corteva, que ainda não foi adaptado ao mercado brasileiro por empresas locais de sementes genéticas.
Mesmo assim, pelo menos um fator pode funcionar a favor de Corteva. Dicamba é alvo de processos judiciais e de uma revisão do governo dos EUA devido à sua tendência de se afastar de onde é pulverizada e danificar as plantações das fazendas vizinhas.
A Bayer concordou em pagar até US $ 400 milhões para resolver processos judiciais de proprietários de terras dos EUA que disseram que suas safras foram danificadas por vizinhos que pulverizavam dicamba.
Os problemas com a dicamba encorajaram os agricultores dos EUA a recorrer aos produtos Enlist da Corteva, e os agricultores brasileiros seguiram de perto a experiência dos EUA com a dicamba.
“Não vou comprar o herbicida (dicamba)”, disse Eduardo Godoi, agricultor do Mato Grosso, maior produtor de soja do Brasil, que experimentará o Intacta2 Xtend pela primeira vez.
(Reportagem de Ana Mano; Reportagem adicional de Tom Polansek em Chicago; Edição de Caroline Stauffer e Cynthia Osterman)
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FOTO DE ARQUIVO: Um trabalhador inspeciona soja durante a colheita de soja perto da cidade de Campos Lindos, Brasil, 18 de fevereiro de 2018. Foto tirada em 18 de fevereiro de 2018. REUTERS / Ueslei Marcelino / Foto de arquivo
8 de outubro de 2021
Por ana mano
SÃO PAULO (Reuters) – A fabricante americana de pesticidas e sementes Corteva Inc vai demorar até três vezes mais para entrar no mercado brasileiro de sementes de soja geneticamente modificada do que nos Estados Unidos, onde as vendas da Corteva cresceram rapidamente nos últimos anos, disse a empresa.
A Corteva está lançando novas sementes de soja geneticamente modificada (OGM) no maior produtor de soja do Brasil, onde a rival Bayer AG desfrutou de um monopólio virtual desde o início do plantio de OGM no início dos anos 2000. A Bayer tem uma vasta rede de equipe de vendas e relacionamentos de longa data com agricultores, desenvolvedores de sementes e fabricantes no Brasil, relacionamentos que a Corteva está estabelecendo agora.
A adoção de safras geneticamente modificadas pelo Brasil ajudou o país a se tornar o maior vendedor mundial de soja usada para ração animal. Mas ervas daninhas e pragas se tornaram resistentes aos produtos químicos que essas plantações podem suportar.
Portanto, a Bayer e a Corteva estão se esforçando para converter os produtores brasileiros às suas variedades de sementes OGM de próxima geração, que podem tolerar os herbicidas mais novos. Em jogo estão bilhões de dólares em vendas anuais de sementes e herbicidas para o importante mercado brasileiro.
Além disso, as sementes que os agricultores brasileiros escolhem, ao desempenharem um papel no tamanho de suas safras, influenciarão a oferta e os preços mundiais das commodities das quais muitos países dependem para alimentar seu povo e gado. A soja já escasseia e os preços estão em alta há sete anos.
Bayer e Corteva não produzem sementes próprias no Brasil. Em vez disso, as empresas locais de melhoramento genético adaptam novas variedades ao mercado local para atender às condições locais de solo e clima – um processo que pode levar anos. Então, os produtores de sementes produzem sementes em massa para vender aos agricultores para o plantio.
“A adoção do sistema Enlist no Brasil vai demorar um pouco mais do que nos Estados Unidos”, disse Corteva por e-mail à Reuters, porque a quantidade de sementes no Brasil é limitada.
A empresa tinha amplas sementes Enlist E3, a tecnologia OGM que rapidamente decolou nos Estados Unidos, disponível para os agricultores dos EUA em 2019, quando Enlist recebeu as aprovações regulatórias dos EUA.
Corteva, desmembrada em 2019 após a fusão da Dow Chemical e Dupont, capturou 35% da área plantada de soja nos Estados Unidos com a Enlist em três anos.
No Brasil, a Corteva estimou que levará de cinco a 10 anos para atingir esse patamar.
A Corteva também está lançando uma semente de soja mais cara no Brasil, chamada Conkesta E3, mas Enlist é seu foco principal na campanha para ganhar participação de mercado da Bayer.
BAYER EDGE
O longo domínio da Bayer no mercado de sementes do Brasil lhe dá uma vantagem, pois apresenta um novo produto no Brasil ao mesmo tempo que Enlist e Conkesta estão entrando no mercado. A Bayer adquiriu a produtora de sementes Monsanto em 2016 e herdou o império químico e de sementes da Monsanto.
A Monsanto lançou a tecnologia de sementes de soja Intacta RR2 Pro no Brasil há sete anos. No ciclo 2020/2021, 80% da soja brasileira foi cultivada com Intacta.
Este ano, a Bayer está lançando sua linha de sementes Intacta2 Xtend no Brasil que resiste ao herbicida dicamba – um produto químico no qual a Bayer está apostando globalmente, à medida que as safras se tornam resistentes ao seu herbicida glifosato anterior.
A Bayer disse por e-mail que mais de 30 variedades de sementes foram desenvolvidas com a tecnologia Intacta2 Xtend para o mercado brasileiro. Isso dá uma vantagem sobre o Enlist da Corteva, que ainda não foi adaptado ao mercado brasileiro por empresas locais de sementes genéticas.
Mesmo assim, pelo menos um fator pode funcionar a favor de Corteva. Dicamba é alvo de processos judiciais e de uma revisão do governo dos EUA devido à sua tendência de se afastar de onde é pulverizada e danificar as plantações das fazendas vizinhas.
A Bayer concordou em pagar até US $ 400 milhões para resolver processos judiciais de proprietários de terras dos EUA que disseram que suas safras foram danificadas por vizinhos que pulverizavam dicamba.
Os problemas com a dicamba encorajaram os agricultores dos EUA a recorrer aos produtos Enlist da Corteva, e os agricultores brasileiros seguiram de perto a experiência dos EUA com a dicamba.
“Não vou comprar o herbicida (dicamba)”, disse Eduardo Godoi, agricultor do Mato Grosso, maior produtor de soja do Brasil, que experimentará o Intacta2 Xtend pela primeira vez.
(Reportagem de Ana Mano; Reportagem adicional de Tom Polansek em Chicago; Edição de Caroline Stauffer e Cynthia Osterman)
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