O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva criticou o papel desproporcional do dólar americano na economia mundial e atacou o FMI na quinta-feira durante uma visita oficial à China.
O veterano esquerdista, cujo governo anunciou recentemente um acordo com Pequim para negociar em suas próprias moedas – abandonando o dólar como intermediário – está na China para estreitar os laços com o principal parceiro comercial de seu país e espalhar sua mensagem de que “o Brasil está de volta” como um protagonista no cenário global.
“Por que todo país deveria estar atrelado ao dólar para o comércio?… Quem decidiu que o dólar seria a moeda (do mundo)?”, disse Lula em Xangai, na cerimônia de posse de sua aliada política Dilma Rousseff como presidente do banco de desenvolvimento definido pelos países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
“Por que um banco como o BRICS não pode ter uma moeda para financiar o comércio entre o Brasil e a China, entre o Brasil e outros países do BRICS?… Hoje, os países precisam correr atrás de dólares para exportar, quando poderiam estar exportando em suas próprias moedas .”
Lula também teve palavras fortes para o Fundo Monetário Internacional, aludindo às acusações de que o FMI força cortes excessivamente severos de gastos em países com falta de dinheiro, como a Argentina, vizinha do Brasil, em troca de empréstimos de resgate.
“Nenhum banco deveria estar asfixiando as economias dos países como o FMI está fazendo agora com a Argentina, ou como fez com o Brasil por muito tempo e com todos os países do terceiro mundo”, afirmou.
“Nenhum líder pode trabalhar com uma faca na garganta porque (seu país) deve dinheiro”.
– ‘O Brasil está de volta!’ –
Lula, que assumiu o cargo em janeiro, busca reposicionar o Brasil como intermediário global e negociador, buscando laços amistosos em todos os setores após quatro anos de relativo isolamento sob seu antecessor de extrema-direita, Jair Bolsonaro.
Ele deve se encontrar com o colega chinês Xi Jinping em Pequim na sexta-feira e também visitou o presidente dos EUA, Joe Biden, em fevereiro.
“O Brasil está de volta!”, prometeu Lula em Xangai, onde chegou na noite desta quarta-feira.
“Ficou no passado o tempo em que o Brasil esteve ausente das grandes decisões mundiais. Estamos de volta ao palco internacional, depois de uma ausência inexplicável.”
Espera-se que um dos principais temas da agenda do encontro de Lula e Xi na sexta-feira seja a guerra na Ucrânia.
Tanto a China quanto o Brasil se posicionaram como mediadores no conflito, apesar das preocupações ocidentais de que eles são excessivamente amigáveis com o presidente russo, Vladimir Putin.
Ambos os países se recusaram a se juntar às nações ocidentais na imposição de sanções à Rússia por sua invasão.
– Laços comerciais –
A parte da viagem de Lula a Xangai destacou outro objetivo importante da visita – aprofundar os laços comerciais entre o gigante asiático e a maior economia da América Latina.
A China é o maior mercado de exportação do Brasil, comprando dezenas de bilhões de dólares em soja, carne bovina e minério de ferro.
Sob o acordo cambial anunciado em março, o Brasil e a China nomearam dois bancos – um em cada país – para realizar suas transações comerciais e financeiras massivas trocando diretamente o yuan por reais e vice-versa, em vez de usar o dólar.
A China tem acordos semelhantes com a Rússia, o Paquistão e vários outros países.
Após a posse de Dilma Rousseff, Lula visitou um centro de pesquisa administrado pela gigante chinesa de telecomunicações Huawei.
A cadeira da Huawei o conduziu por uma exposição que mostrava a extensa presença da empresa no Brasil – um contraste com os Estados Unidos, onde as empresas são efetivamente impedidas de fazer negócios com a empresa.
Lula também se encontrou com o chefe da maior montadora de carros elétricos da China, a BYD, que disse em outubro que planejava instalar uma fábrica de veículos na Bahia depois que a Ford Motors fechou sua fábrica lá.
A empresa já fabrica ônibus e carros elétricos no Brasil para o mercado latino-americano.
Lula, que já liderou o Brasil de 2003 a 2010, está tentando suavizar as relações com a China, depois que os laços se deterioraram sob o governo de Bolsonaro.
O presidente de 77 anos estava inicialmente programado para fazer a viagem no final de março, mas teve que adiá-la depois de contrair uma pneumonia.
Ele está viajando com uma grande delegação de cerca de 40 altos funcionários, incluindo ministros, governadores e membros do Congresso.
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(Esta história não foi editada pela equipe do News18 e foi publicada a partir de um feed de agência de notícias sindicalizado)
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