(Corrige o parágrafo 18 para dizer o índice US S&P 500 (não o Reino Unido), sem outras alterações no texto)
Por Naomi Rovnick e Sumanta Sen
LONDRES (Reuters) – A turbulência do setor bancário não prejudicou a demanda por ações, com o índice mundial de ações MSCI subindo 7% até agora este ano.
Esperanças de que o Federal Reserve e outros possam interromper em breve o ciclo de alta de juros mais agressivo em décadas tem sustentado as ações, mesmo quando o sentimento geral foi abalado pelas falhas de dois credores dos EUA e pela fusão forçada do Credit Suisse com o UBS.
Mas sob a superfície, maus presságios para os estoques mundiais estão se formando.
1/ CRÉDITO MAIS LIMITADO
Os clientes arrancaram depósitos de bancos regionais dos EUA e a liquidação chocante das autoridades suíças de US$ 17 bilhões em títulos do Credit Suisse sacudiu um mercado importante para o financiamento de bancos europeus.
Analistas dizem que isso prejudica a capacidade do setor de emprestar dinheiro às empresas. Pesquisas do banco central mostram que os bancos dos EUA e da Europa já estão endurecendo os padrões de empréstimo, historicamente um preditor do péssimo desempenho do mercado de ações.
Quando o financiamento é mais escasso, as empresas pagam mais pelos empréstimos, prejudicando os lucros e os preços das ações.
“Padrões de empréstimos mais rígidos tendem a se correlacionar com recessões, e o mercado de ações tende a cair durante as recessões”, disse Jason Da Silva, analista sênior de pesquisa do banco londrino Arbuthnot Latham. “Isto não é um bom sinal.”
2/ DESACELERAÇÃO DE FABRICAÇÃO
As recessões iniciadas nos Estados Unidos tendem a fluir para o resto do mundo e, conseqüentemente, para os estoques globais.
O índice de manufatura ISM dos EUA, um dos principais indicadores da atividade econômica, caiu para o nível mais baixo desde maio de 2020 no mês passado e sinalizou o quinto mês consecutivo de contração.
Os dados mostraram que “uma recessão está para acontecer em breve nos EUA e em outras economias avançadas”, disse o economista sênior de mercados da Capital Economics, Oliver Allen. “Essa crise vai começar a pesar fortemente sobre os ativos de risco.”
3/ A TECNOLOGIA DÁ AS CARTAS
Os ganhos do mercado de ações até agora em 2023 foram dominados por ações de tecnologia, um setor que pode não ser imune à recessão.
Tech, o maior subíndice do MSCI World, saltou 20% até agora este ano; outros grandes constituintes do setor, como bancos, saúde e energia, estão estáveis ou abaixo.
O índice S&P 500 dos EUA subiu 7% no primeiro trimestre, um ganho que manteve desde então. Sete ações de tecnologia de mega capitalização foram responsáveis por 92% da alta do S&P 500 no primeiro trimestre, observa o Citi.
O chefe de estratégia de negociação de ações do banco nos EUA, Stuart Kaiser, disse que os investidores institucionais veem as grandes empresas de tecnologia, que geralmente têm balanços sólidos e dívida baixa, como um escudo contra um aperto de crédito.
O comércio de tecnologia defensiva pode funcionar em uma recessão superficial. Mas em uma crise profunda, Kaiser alertou, os gerentes de dinheiro também podem abandonar a tecnologia: “O próximo passo seria apenas vender ações”.
4/ OBSTÁCULOS FINANCEIROS
Março foi o primeiro mês em 20 anos em que as ações financeiras caíram 10% ou mais e o índice MSCI World não caiu, mostra a pesquisa do Morgan Stanley.
Essa relação histórica pode ter falhado porque o mercado “não acredita que haverá um contágio significativo do setor financeiro para a economia em geral”, disse Graham Secker, estrategista-chefe de ações da Morgan Stanley na Europa.
Florian Ielpo, chefe de macro da Lombard Odier Investment Management, que mantém uma posição subponderada nas ações globais desde janeiro de 2022, alertou que os problemas bancários ainda podem reduzir as ações em geral.
“É provável que os bancos emprestem muito menos à economia”, disse Ielpo. Custos de crédito mais altos enfraquecerão os ganhos, acrescentou, levando a “um momento de ajuste de contas” quando os detentores de ações mudarem as alocações para títulos.
5/ FINALMENTE, A CURVA DE RENDIMENTO
Os rendimentos do Tesouro dos EUA são maiores do que os de seus pares de 10 anos. A chamada inversão da curva de juros, muitas vezes um prenúncio de recessão, no mês passado se tornou a mais profunda em 42 anos.
Desde 1967, as inversões da curva de rendimento ocorreram 15 meses antes das recessões, em média, mostra a pesquisa do Barclays.
Embora as ações possam subir à medida que a curva de rendimento se inverte, o rali nem sempre é sustentado. O S&P 500 atingiu, em média, um pico de ciclo apenas quatro meses antes do início da recessão nos EUA, descobriu o Barclays.
“Não é incomum que as ações continuem subindo mesmo com a inversão da curva de rendimentos”, disse Emmanuel Cau, chefe de estratégia de ações europeias do Barclays. “Mas o mercado de títulos está olhando para frente e acreditando que a atual força da atividade não vai durar.”
(Reportagem de Naomi Rovnick; gráficos de Sumanta Sen, edição de Dhara Ranasinghe e Conor Humphries)
(Corrige o parágrafo 18 para dizer o índice US S&P 500 (não o Reino Unido), sem outras alterações no texto)
Por Naomi Rovnick e Sumanta Sen
LONDRES (Reuters) – A turbulência do setor bancário não prejudicou a demanda por ações, com o índice mundial de ações MSCI subindo 7% até agora este ano.
Esperanças de que o Federal Reserve e outros possam interromper em breve o ciclo de alta de juros mais agressivo em décadas tem sustentado as ações, mesmo quando o sentimento geral foi abalado pelas falhas de dois credores dos EUA e pela fusão forçada do Credit Suisse com o UBS.
Mas sob a superfície, maus presságios para os estoques mundiais estão se formando.
1/ CRÉDITO MAIS LIMITADO
Os clientes arrancaram depósitos de bancos regionais dos EUA e a liquidação chocante das autoridades suíças de US$ 17 bilhões em títulos do Credit Suisse sacudiu um mercado importante para o financiamento de bancos europeus.
Analistas dizem que isso prejudica a capacidade do setor de emprestar dinheiro às empresas. Pesquisas do banco central mostram que os bancos dos EUA e da Europa já estão endurecendo os padrões de empréstimo, historicamente um preditor do péssimo desempenho do mercado de ações.
Quando o financiamento é mais escasso, as empresas pagam mais pelos empréstimos, prejudicando os lucros e os preços das ações.
“Padrões de empréstimos mais rígidos tendem a se correlacionar com recessões, e o mercado de ações tende a cair durante as recessões”, disse Jason Da Silva, analista sênior de pesquisa do banco londrino Arbuthnot Latham. “Isto não é um bom sinal.”
2/ DESACELERAÇÃO DE FABRICAÇÃO
As recessões iniciadas nos Estados Unidos tendem a fluir para o resto do mundo e, conseqüentemente, para os estoques globais.
O índice de manufatura ISM dos EUA, um dos principais indicadores da atividade econômica, caiu para o nível mais baixo desde maio de 2020 no mês passado e sinalizou o quinto mês consecutivo de contração.
Os dados mostraram que “uma recessão está para acontecer em breve nos EUA e em outras economias avançadas”, disse o economista sênior de mercados da Capital Economics, Oliver Allen. “Essa crise vai começar a pesar fortemente sobre os ativos de risco.”
3/ A TECNOLOGIA DÁ AS CARTAS
Os ganhos do mercado de ações até agora em 2023 foram dominados por ações de tecnologia, um setor que pode não ser imune à recessão.
Tech, o maior subíndice do MSCI World, saltou 20% até agora este ano; outros grandes constituintes do setor, como bancos, saúde e energia, estão estáveis ou abaixo.
O índice S&P 500 dos EUA subiu 7% no primeiro trimestre, um ganho que manteve desde então. Sete ações de tecnologia de mega capitalização foram responsáveis por 92% da alta do S&P 500 no primeiro trimestre, observa o Citi.
O chefe de estratégia de negociação de ações do banco nos EUA, Stuart Kaiser, disse que os investidores institucionais veem as grandes empresas de tecnologia, que geralmente têm balanços sólidos e dívida baixa, como um escudo contra um aperto de crédito.
O comércio de tecnologia defensiva pode funcionar em uma recessão superficial. Mas em uma crise profunda, Kaiser alertou, os gerentes de dinheiro também podem abandonar a tecnologia: “O próximo passo seria apenas vender ações”.
4/ OBSTÁCULOS FINANCEIROS
Março foi o primeiro mês em 20 anos em que as ações financeiras caíram 10% ou mais e o índice MSCI World não caiu, mostra a pesquisa do Morgan Stanley.
Essa relação histórica pode ter falhado porque o mercado “não acredita que haverá um contágio significativo do setor financeiro para a economia em geral”, disse Graham Secker, estrategista-chefe de ações da Morgan Stanley na Europa.
Florian Ielpo, chefe de macro da Lombard Odier Investment Management, que mantém uma posição subponderada nas ações globais desde janeiro de 2022, alertou que os problemas bancários ainda podem reduzir as ações em geral.
“É provável que os bancos emprestem muito menos à economia”, disse Ielpo. Custos de crédito mais altos enfraquecerão os ganhos, acrescentou, levando a “um momento de ajuste de contas” quando os detentores de ações mudarem as alocações para títulos.
5/ FINALMENTE, A CURVA DE RENDIMENTO
Os rendimentos do Tesouro dos EUA são maiores do que os de seus pares de 10 anos. A chamada inversão da curva de juros, muitas vezes um prenúncio de recessão, no mês passado se tornou a mais profunda em 42 anos.
Desde 1967, as inversões da curva de rendimento ocorreram 15 meses antes das recessões, em média, mostra a pesquisa do Barclays.
Embora as ações possam subir à medida que a curva de rendimento se inverte, o rali nem sempre é sustentado. O S&P 500 atingiu, em média, um pico de ciclo apenas quatro meses antes do início da recessão nos EUA, descobriu o Barclays.
“Não é incomum que as ações continuem subindo mesmo com a inversão da curva de rendimentos”, disse Emmanuel Cau, chefe de estratégia de ações europeias do Barclays. “Mas o mercado de títulos está olhando para frente e acreditando que a atual força da atividade não vai durar.”
(Reportagem de Naomi Rovnick; gráficos de Sumanta Sen, edição de Dhara Ranasinghe e Conor Humphries)
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