Vladimir Putin e Kim Jung Un presentearam-se com rifles quando se encontraram no Extremo Oriente da Rússia, disse o Kremlin nesta quinta-feira, confirmando que o isolado líder russo visitará a Coreia do Norte enquanto Moscou corteja outro Estado pária.
O presidente russo, que tem procurado fortalecer alianças com outros líderes linha-dura condenados ao ostracismo pelo Ocidente, reuniu-se com Kim na quarta-feira, em meio a especulações de que chegariam a um acordo sobre um acordo de armas.
A Rússia está ansiosa por munições para continuar a lutar na Ucrânia, enquanto a Coreia do Norte quer a ajuda de Moscovo para desenvolver o seu programa de mísseis.
Putin “deu a (Kim) um rifle da nossa produção da mais alta qualidade. Em troca, ele também recebeu um rifle de fabricação norte-coreana”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Putin também presenteou o líder norte-coreano com uma “luva de um traje espacial que já esteve no espaço várias vezes”.
Kim, que raramente sai do seu país, manteve conversações com Putin no cosmódromo de Vostochny. O Kremlin disse que a sua visita ao Extremo Oriente da Rússia duraria “mais alguns dias”.
Moscovo também confirmou que Putin “aceitou com gratidão o convite de Kim” para visitar Pyongyang, anunciado anteriormente pela televisão estatal norte-coreana.
Peskov disse que Moscou irá primeiro “se preparar rapidamente” para enviar o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, a Pyongyang, com sua viagem prevista para outubro, antes que uma visita de Putin possa ser organizada.
Seria a segunda viagem de Putin ao Estado mais recluso do mundo, com o qual a Rússia partilha uma fronteira curta.
Ele visitou Pyongyang em julho de 2000 para se encontrar com o pai de Kim, Kim Jong-il, poucos meses depois de ser eleito para a presidência.
Mais de duas décadas depois, a Rússia enfrenta um isolamento sem precedentes do Ocidente devido à ofensiva de Moscovo na Ucrânia, com Putin a tentar reforçar as alianças da era soviética.
– ‘Nós estamos observando’ –
Em Pyongyang, a Agência Central de Notícias da Coreia do Norte elogiou a cimeira de Kim com Putin, dizendo que os dois mantiveram conversações “históricas”.
A visita de Kim à Rússia é a sua primeira viagem ao exterior desde o início da pandemia de Covid-19.
Ambos os países estão sob uma série de sanções e a visita de Kim suscitou preocupação generalizada sobre acordos de armas ilícitas.
Após a cimeira, Putin disse aos jornalistas que via “possibilidades” de cooperação militar.
O chefe do partido no poder da Coreia do Sul criticou o que chamou de “um acordo do diabo”, enquanto o Japão alertou contra quaisquer violações das proibições da ONU aos acordos de armas com o Norte após a cimeira Putin-Kim.
“Estamos acompanhando (as conversações) com preocupações, incluindo a possibilidade de que possam levar a violações da proibição do Conselho de Segurança de todas as transações materiais relacionadas com armas com a Coreia do Norte”, disse a ministra dos Negócios Estrangeiros, Yoko Kamikawa, aos jornalistas.
Depois de se despedir de Kim no cosmódromo de Vostochny, Putin disse à televisão russa que Kim supervisionaria uma exibição de navios de guerra russos na cidade de Vladivostok, no extremo leste, para “demonstrar as capacidades da Frota do Pacífico”.
Ele também disse que Kim visitará uma universidade em Vladivostok. As faculdades no Extremo Oriente da Rússia têm historicamente aceitado estudantes norte-coreanos.
Kim atravessou a Rússia em seu trem à prova de balas.
– ‘Aliança de sangue’ –
Ambos os líderes prometeram na quarta-feira fortalecer o seu relacionamento, fazendo forte referência aos laços dos dois países no século XX.
“Estaremos sempre com a Rússia”, disse Kim.
“Um velho amigo é melhor do que dois novos”, disse Putin, citando um provérbio russo e referindo-se ao papel da União Soviética na Guerra da Coreia.
Os países ocidentais alertaram Moscovo e Pyongyang contra a celebração de um acordo de armas à medida que o conflito na Ucrânia avança.
“Acho que a Rússia já testou os projéteis norte-coreanos em campos de batalha e agora está pronta para expandir seu uso daqui para frente”, disse Kim Jong-dae, ex-deputado sul-coreano e pesquisador visitante do Instituto Yonsei para Estudos Norte-Coreanos.
Ele disse que a cimeira “sinaliza uma mudança sísmica na geopolítica do Nordeste Asiático”, acrescentando que uma aliança mais forte entre a Coreia do Norte, a Rússia e a China poderia tornar-se uma “força desestabilizadora na região”.
Kim estava acompanhado por uma comitiva militar pesada, com altos oficiais militares russos também envolvidos nas negociações.
“Pode-se dizer que as relações entre a Coreia do Norte e a Rússia retornaram completamente ao nível de aliança de sangue durante a Guerra Fria”, disse à AFP Cheong Seong-chang, pesquisador do Instituto Sejong.
Ele disse que embora já tenham havido cimeiras entre os dois países antes, “nunca houve um momento em que a Coreia do Norte trouxesse quase todos os seus principais oficiais militares como a que está a acontecer agora”.
(Esta história não foi editada pela equipe do News18 e é publicada no feed de uma agência de notícias sindicalizada – AFP)
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