A enfermeira sênior Christina Boulton revelou que consegue ganhar o dobro trabalhando em Alice Springs, na Austrália, se comparado ao seu emprego anterior em Christchurch, na Nova Zelândia. Além disso, em algumas ocasiões ela também recebe passagens aéreas, hospedagem e um veículo como parte de seu pacote de benefícios.
Boulton, que possui 30 anos de experiência, trabalhou recentemente em uma clínica que atendia indígenas em Alice Springs, no Território do Norte da Austrália. Anteriormente, enquanto trabalhava em tempo integral em Christchurch, ela recebia cerca de US$ 38 por hora. No entanto, ao realizar trabalhos temporários ou ocasionais, esse valor poderia chegar a US$ 45 por hora, mas com menos horas disponíveis.
Já em seu trabalho no Congresso Aborígine Australiano em Alice Springs, Boulton passou a receber entre US$ 71 e US$ 100 por hora, dependendo do contrato. Além disso, ela contava com passagens aéreas de retorno gratuitas, hospedagem e veículo fornecidos. Ela tinha a liberdade de escolher seus papéis, locais e a duração de seus contratos, o que lhe proporcionava maior autonomia em sua carreira.
Apesar dos aumentos salariais significativos para enfermeiros na Nova Zelândia no último ano, muitos profissionais ainda buscam oportunidades na Austrália. O acordo de igualdade salarial elevou os salários dos enfermeiros seniores para entre US$ 114.000 e US$ 163.000 por ano, e dos enfermeiros registrados para entre US$ 76.000 e US$ 107.000, aproximando-os dos salários australianos.
No entanto, os aumentos não se aplicaram de forma generalizada a todos os setores. Enfermeiros de cuidados primários e clínicas de atendimento de urgência, como o emprego anterior de Boulton, não foram contemplados. Por isso, uma reivindicação por igualdade salarial para esses profissionais foi apresentada.
Kerri Nuku, presidente da Organização de Enfermeiros da Nova Zelândia, ressaltou que os enfermeiros de cuidados primários costumam buscar oportunidades no exterior, como na Austrália, em busca de melhores salários e condições de trabalho. Ela enfatizou que muitos enfermeiros não se contentam em permanecer em escalas salariais mais baixas, optando por buscar oportunidades no exterior.
Apesar dos atrativos salariais e das melhores condições de trabalho, a migração de enfermeiros da Nova Zelândia para a Austrália não é um cenário ideal para o sistema de saúde do país. O ministro da Saúde, Shane Reti, destacou a importância de recrutar, reter e remunerar adequadamente toda a força de trabalho na área da saúde para evitar uma possível “fuga de cérebros” para o exterior. Medidas nacionais estão sendo implementadas para reter enfermeiras qualificadas na Nova Zelândia e garantir um sistema de saúde robusto e sustentável a longo prazo.
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