A Rússia realizará eleições presidenciais de sexta-feira a domingo, que deverão conferir ao presidente Vladimir Putin outro mandato de seis anos, apesar do tumulto desencadeado pela campanha da Rússia na Ucrânia.
Aqui estão cinco coisas que você deve saber sobre a votação:
Sem oposição
Os únicos possíveis candidatos que se opuseram à campanha na Ucrânia, Boris Nadezhdin e Yekaterina Duntsova, que reuniram dezenas de milhares de assinaturas para apoiar as suas candidaturas, tiveram as suas candidaturas recusadas.
Além de Putin, há três candidatos registados – o conservador nacionalista Leonid Slutsky, o candidato do Partido Comunista Nikolai Kharitonov e Vladislav Davankov, um empresário.
Todos apoiaram a ofensiva da Rússia na Ucrânia.
Os críticos do Kremlin salientam que o papel destes três candidatos é canalizar qualquer descontentamento e dar um verniz pluralista ao voto numa altura em que a oposição foi dizimada pela repressão.
Observadores independentes também dizem que as autoridades têm meios à sua disposição para gerir os resultados, incluindo fraude eleitoral, enchimento de votos e utilização de milhões de funcionários públicos para apoiar o status quo.
O único factor desconhecido é se poderá haver quaisquer protestos, tal como solicitado pelo falecido líder da oposição Alexei Navalny e agora pela sua viúva, Yulia Navalnaya.
Milhares de apoiantes compareceram para prestar homenagem no funeral de Navalny em Moscovo no mês passado, alguns entoando slogans antigovernamentais.
Sua viúva pediu aos apoiadores que compareçam às seções eleitorais às 09h00 GMT de domingo e protestem votando em qualquer pessoa que não seja Putin ou estragando suas cédulas e escrevendo “Navalny” nelas.
As promessas de Putin
Embora o resultado das eleições não esteja em dúvida, o governo está a fazer uma campanha intensa, numa tentativa de fortalecer a legitimidade interna e internacional de Putin.
O chefe do Kremlin está agora numa posição melhor devido aos avanços russos na Ucrânia, no meio de fissuras no apoio ocidental a Kiev, e a economia russa provou ser resiliente apesar das pesadas sanções.
Putin intensificou as aparições na mídia nas últimas semanas, encontrando-se com estudantes, visitando fábricas e até voando em um bombardeiro nuclear.
No entanto, o presidente russo nunca participou num debate eleitoral desde que chegou ao poder, há quase um quarto de século, e não o fará agora.
No seu discurso sobre o Estado da Nação no mês passado, ele fez uma longa série de promessas orçamentais, distribuindo milhares de milhões de rublos para modernizar escolas e infra-estruturas, combater a pobreza, proteger o ambiente e impulsionar a tecnologia.
O discurso expôs um programa de governo até pelo menos 2030.
Preocupações econômicas
Embora a economia tenha resistido muito melhor do que o esperado, muitos russos estão preocupados com o aumento dos preços – especialmente dos alimentos – e, em geral, com a instabilidade gerada pela campanha na Ucrânia.
A escassez de mão-de-obra acumulou-se desde que milhares de jovens morreram ou estão a lutar na Ucrânia, enquanto centenas de milhares de outras pessoas fugiram para o estrangeiro porque se opõem ao conflito ou para evitar o serviço militar.
As autoridades reprimiram duramente nos últimos meses as manifestações das esposas de soldados recrutados que pediam que os seus entes queridos pudessem regressar da frente.
Chamadas para votar
Cartazes patrióticos foram espalhados por todo o país, convidando os russos a votar.
Os cartazes eleitorais têm um sinal “V” semelhante ao usado pelas tropas russas na Ucrânia e o slogan: “Juntos, somos fortes. Vamos votar na Rússia!”.
As autoridades também organizarão rifas e entretenimento para encorajar os eleitores a sair e votar num país onde o desencanto com a política, especialmente entre os jovens, é elevado.
A vizinha Ucrânia e os seus aliados ocidentais são apresentados como desordeiros nos meios de comunicação estatais e nos discursos oficiais.
Putin alertou em dezembro sobre uma possível “interferência estrangeira” na votação e prometeu uma “resposta severa”.
Na semana passada, a Rússia convocou a embaixadora dos EUA, Lynne Tracy, acusando ONG financiadas pelos EUA de “espalhar desinformação” sobre as eleições.
Votação em áreas ocupadas
Numa indicação reveladora do paradoxo das autoridades russas que tentam projectar a normalidade no meio de um conflito em curso, haverá votação em áreas da Ucrânia controladas pela Rússia.
A Rússia declarou em 2022 a anexação unilateral de quatro regiões da Ucrânia – embora as suas tropas ainda não as controlem totalmente.
Kiev diz que os habitantes locais estão agora sujeitos a ameaças e violência para os forçar a votar – algo que Moscovo nega.
Os soldados russos destacados na Ucrânia puderam votar mais cedo.
(Esta história não foi editada pela equipe do News18 e é publicada no feed de uma agência de notícias sindicalizada – AFP)
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