Pessoas fazem check-in em um aeroporto para deixar a ilha de São Jorge no último voo comercial do dia, em meio a pequenos terremotos registrados na área, em Velas, Açores, Portugal, 26 de março de 2022. REUTERS/Pedro Nunes
26 de março de 2022
Por Catarina Demony e Pedro Nunes
SÃO JORGE, Portugal (Reuters) – Sem ideia de quando voltariam, um casal de aposentados tirou uma foto do lado de fora de sua amada casa antes de deixar São Jorge, uma ilha nos Açores, em Portugal, que está se preparando para um desastre após uma série de pequenos terremotos.
Fátima e Antonio Soares, que estão na casa dos 70 anos, decidiram deixar sua casa junto com dezenas de outros moradores no sábado, uma semana desde que milhares de tremores começaram a sacudir a ilha vulcânica no meio do Atlântico.
Os sismólogos temem que os mais de 12.700 tremores, que tiveram magnitude de até 3,3, possam desencadear uma erupção vulcânica ou um terremoto poderoso.
“Pedi ao taxista que tirasse uma foto nossa porque não sei se minha casa vai ficar igual quando eu voltar”, disse Fátima enquanto o casal esperava no aeroporto de São Jorge por um voo para a ilha vizinha de Terceira.
“As lágrimas começaram a cair imediatamente”, disse ela.
O casal, que estava na ilha quando um grande terremoto ocorreu em 1964, está hospedado em um pequeno hotel por enquanto, mas espera retornar à ilha, que abriga cerca de 8.400 pessoas, o mais rápido possível.
“Sair de casa nessa idade é difícil”, disse Antonio.
Dezenas de outros moradores de São Jorge também partiram na madrugada de sábado, com os últimos números do governo mostrando que cerca de 1.250 pessoas deixaram a ilha apenas em 23 e 24 de março.
O centro de vigilância sismovulcânica CIVISA da região elevou o alerta vulcânico para o nível 4 na quarta-feira, o que significa que há uma “possibilidade real” de o vulcão entrar em erupção pela primeira vez desde 1808.
“Anualmente São Jorge tem poucos sismos e agora estamos a falar de milhares”, disse à agência Lusa o sismólogo João Fontiela, que está na ilha a instalar estações de monitorização sísmica.
Ele acha que a situação atual pode se arrastar por meses.
A CIVISA disse que “não há evidências de que uma erupção vulcânica seja iminente”, mas disse que esse cenário não pode ser descartado. O número de terremotos permanece acima dos níveis normais, disse.
Os portos da ilha disseram no sábado que estão se preparando para o caso de um desastre natural, e as autoridades estão elaborando planos para manter o gado e outros animais seguros.
Os residentes em lares e os internados no concelho das Velas, onde se registou a maior parte da atividade sísmica, já foram transferidos para o outro lado da ilha.
(Reportagem de Catarina Demony, Guillermo Martinez e Pedro Nunes em São Jorge Edição de Helen Popper)
Pessoas fazem check-in em um aeroporto para deixar a ilha de São Jorge no último voo comercial do dia, em meio a pequenos terremotos registrados na área, em Velas, Açores, Portugal, 26 de março de 2022. REUTERS/Pedro Nunes
26 de março de 2022
Por Catarina Demony e Pedro Nunes
SÃO JORGE, Portugal (Reuters) – Sem ideia de quando voltariam, um casal de aposentados tirou uma foto do lado de fora de sua amada casa antes de deixar São Jorge, uma ilha nos Açores, em Portugal, que está se preparando para um desastre após uma série de pequenos terremotos.
Fátima e Antonio Soares, que estão na casa dos 70 anos, decidiram deixar sua casa junto com dezenas de outros moradores no sábado, uma semana desde que milhares de tremores começaram a sacudir a ilha vulcânica no meio do Atlântico.
Os sismólogos temem que os mais de 12.700 tremores, que tiveram magnitude de até 3,3, possam desencadear uma erupção vulcânica ou um terremoto poderoso.
“Pedi ao taxista que tirasse uma foto nossa porque não sei se minha casa vai ficar igual quando eu voltar”, disse Fátima enquanto o casal esperava no aeroporto de São Jorge por um voo para a ilha vizinha de Terceira.
“As lágrimas começaram a cair imediatamente”, disse ela.
O casal, que estava na ilha quando um grande terremoto ocorreu em 1964, está hospedado em um pequeno hotel por enquanto, mas espera retornar à ilha, que abriga cerca de 8.400 pessoas, o mais rápido possível.
“Sair de casa nessa idade é difícil”, disse Antonio.
Dezenas de outros moradores de São Jorge também partiram na madrugada de sábado, com os últimos números do governo mostrando que cerca de 1.250 pessoas deixaram a ilha apenas em 23 e 24 de março.
O centro de vigilância sismovulcânica CIVISA da região elevou o alerta vulcânico para o nível 4 na quarta-feira, o que significa que há uma “possibilidade real” de o vulcão entrar em erupção pela primeira vez desde 1808.
“Anualmente São Jorge tem poucos sismos e agora estamos a falar de milhares”, disse à agência Lusa o sismólogo João Fontiela, que está na ilha a instalar estações de monitorização sísmica.
Ele acha que a situação atual pode se arrastar por meses.
A CIVISA disse que “não há evidências de que uma erupção vulcânica seja iminente”, mas disse que esse cenário não pode ser descartado. O número de terremotos permanece acima dos níveis normais, disse.
Os portos da ilha disseram no sábado que estão se preparando para o caso de um desastre natural, e as autoridades estão elaborando planos para manter o gado e outros animais seguros.
Os residentes em lares e os internados no concelho das Velas, onde se registou a maior parte da atividade sísmica, já foram transferidos para o outro lado da ilha.
(Reportagem de Catarina Demony, Guillermo Martinez e Pedro Nunes em São Jorge Edição de Helen Popper)
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